
Maputo, 25 Abril (AIM) – Pelo menos 14 trabalhadores perderam a vida, na sequência de 731 acidentes de trabalho registados no ano transacto em Moçambique, anunciou hoje (25), em Maputo, a ministra do Trabalho e Segurança Social, Margarida Talapa.
A ministra anunciou o facto durante a VII Conferência Nacional sobre Segurança e Saúde no Trabalho, que decorre em Maputo.
Do número total de acidentes de trabalho, constam 561 casos que resultaram na incapacidade temporária, 73 permanente parcial e 83 incapacidade total.
“Este é apenas um dado de casos de acidentes de trabalho registados, temos consciência que as informações aqui prestadas estão longe de retratar a realidade, pois há muitas empresas que não comunicam a ocorrência de acidentes limitando, deste modo, o acesso do trabalhador ou dependentes ao seus direitos” , disse Talapa.
Aliás, as mudanças climáticas também contribuem para a ocorrência de acidentes de trabalho. Talapa cita como exemplo o aquecimento global que se reflecte na variação e elevação das temperaturas médias.
“Entre os problemas que podem estar associados ao calor são, sede, irritabilidade, erupção cutânea, exaustão pelo calor ou insolação”, disse.
Por isso, o Ministério do Trabalho e Segurança Social (MITESS) apela aos empregadores que actuam na segurança e saúde no trabalho a definirem mecanismos de massificação das estratégias de consciencialização visando criar planos de protecção e doenças relacionadas com a exposição ao calor.
O Secretário da Confederação Nacional dos Sindicatos Independentes e Livres de Moçambique (CONSILMO) Jeremias Timane, fez saber que o evento ocorre a escassos dias para celebração do 28 de Abril, Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, que se assinala no próximo domingo.
“É uma data de reflexão que pretende chamar atenção os empregadores e trabalhadores para prevenção dos acidentes de trabalho”, disse Timane.
Já o representante da OTM-Central Sindical, Damião Simango, diz que a celebração do Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, constitui mais um momento de reflexão sobre a explosão de uma mina no Estado de Virgínia nos Estados Unidos da América, (EUA) que culminou com a morte de 78 mineiros.
“Este e outros acidentes de trabalho registados no mundo levou a Organização Internacional dos Trabalhadores (OIT) a institucionalizar, em 2023, esta data como Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, disse o representante da OTM- Central Sindical”.
O vice-presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Vasco Manhiça, sublinha que o sector privado, saúda o governo pelo facto de as estatísticas sobre acidentes de trabalho apresentarem uma tendência decrescente, ao registar 731 casos em 2023 contra 820 notificados em 2022.
“Esta evolução contenta-nos como sector privado, na medida em que é fruto de um trabalho árduo de sensibilização por parte de todos parceiros sociais pelo compromisso incessante na busca de políticas harmonizadas em prol da promoção do diálogo tripartido “, disse.
Por seu turno, o representante da Organização Internacional de Trabalhadores (OIT), em Moçambique, Martin Gastin, disse que evidências inequívocas apontam que os trabalhadores são sistematicamente os primeiros a suportar o peso dos efeitos das alterações climáticas.
“Na verdade, as repercussões das alterações climáticas na segurança e saúde no trabalho são múltiplas e de grande alcance, desde a deterioração das condições de trabalho até ao aumento de risco de lesões profissionais, doenças e mortes”, afirmou.
Outros dados da OIT, indicam que maior parte dos problemas de saúde dos trabalhadores estão associados as alterações climáticas incluindo cancro, doenças cardiovasculares, mentais, respiratórias, disfunções renais e problema de saúde mental.
(AIM)
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