
Jovens resgatados do trabalho infantil numa empresa chinesa na Africa do Sul. Fonte, Sowetan
Maputo, 10 Mai (AIM) – As autoridades da vizinha África do Sul resgataram oito menores moçambicanos que tinham sido traficados para aquele país vizinho em Janeiro deste ano, para trabalhar em uma fábrica chinesa na província de Gauteng.
Segundo o porta-voz do Departamento de Desenvolvimento Social de Gauteng, Themba Gadebe, citado pelo jornal sul-africano “The Sowetan”, os rapazes foram encontrados numa fábrica chinesa em Nigel, Ekurhuleni, durante uma rusga policial realizada há três meses, e agora as autoridades estão a ultimar os pormenores para o repatriamento destes rapazes.
Descobriu-se que a fábrica estava a empregar crianças e estrangeiros indocumentadas.
“As crianças, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos, foram colocadas no Mary Moodley Child and Youth Care Centre, em Benoni. Foi aberto um processo por trabalho infantil, más condições de trabalho e emprego de menores sem documentos contra o proprietário de uma empresa de fornecimento de electricidade em Nigel”, disse Gadebe.
Ele disse que os assistentes sociais entrevistaram os rapazes que lhes disseram que eram da cidade de Xai-Xai, na província de Gaza, no sul de Moçambique.
“Eles relataram que vieram para a África do Sul no dia 15 de Janeiro num minibus com mais 14 outros rapazes da sua aldeia, depois de terem sido recrutados pelo motorista da empresa Nigel em Moçambique. O taxista terá vindo da mesma aldeia e perguntou por jovens e famílias interessadas em trabalhar na África do Sul. Ele disse aos recrutas e aos membros da família que não havia necessidade de passaportes ou documentos”, disse.
“De acordo com as vítimas de tráfico, dentro do miniautocarro havia outras crianças da mesma idade que usavam sapatilhas e iPhones caros, convencendo-as a ir com eles”, explicou.
Gadebe disse que, esta semana, o departamento voltou ao Tribunal de Menores em Nigel para pedir autorização ao tribunal para libertar os rapazes do seu local se encontram protegidos.
“Isto permitir-nos-á repatriá-los e entregá-los aos seus familiares. Isto foi possível depois de o consulado moçambicano lhes ter emitido documentos de viagem temporários”.
“As crianças serão entregues a assistentes sociais no posto fronteiriço de Komatipoort”, disse Gadebe.
Um dos rapazes disse: “Finalmente, estou feliz por voltar para a minha família porque o homem que nos trouxe para aqui mentiu-nos. Tudo o que ele nos prometeu era mentira. Não é que estejamos a passar fome no sítio de onde viemos. A nossa intenção era trabalhar enquanto estudávamos e íamos comprar sapatilhas Air Force e iPhones, mas, para nossa surpresa, fomos encarcerados no interior de um pavilhão onde trabalhávamos dia e noite”.
(AIM)
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