Maputo, 14 Mai (AIM) – O governo moçambicano saúda a decisão anunciada hoje (14) pelo Conselho da União Europeia (UE) de prorrogar a Missão da UE de Treino Militar em Moçambique (EUTM-MOZ) no país, até 30 de Junho de 2026, e com um orçamento de cerca de 14 milhões de euros.
Convidado pelos jornalistas a dar comentário sobre a prorrogação da EUTM-MOZ, o porta-voz do governo, Filimão Suaze, que falava no habitual briefing à imprensa, minutos após o término da 15ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, que teve lugar hoje em Maputo, vincou que decisões para se prorrogar missões militares no país evitam a propagação dos ataques terroristas, sobretudo em alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado.
“Qualquer notícia relativa a prorrogação é sempre bem-vinda; saudamos e saudaremos outras informações sobre prorrogações porque visam apoiar as nossas Forças de Defesa e Segurança no combate a este flagelo do terrorismo”, disse Suaze, que igualmente, é vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
Em comunicado, o Conselho da UE anunciou que vai também “adaptar os objectivos estratégicos da missão” por causa da alteração das circunstâncias, “transitando, assim, de um modelo de treino para um de assistência”, com aconselhamento e “treino especializado” às Forças de Reacção Rápida (QRF) e às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Na sequência desta alteração estratégica, a UE vai renomear a missão para Missão de Assistência Militar da UE em Moçambique (EUMAM Mozambique) com efeito a partir de 01 de Setembro próximo.
A EUTM-MOZ formou mais de 1.650 militares moçambicanos das forças especiais que já combatem o terrorismo em Cabo Delgado.
“Formamos até o momento um pouco acima dos 1.650 militares especializados em forças especiais, quer fuzileiros, quer de comandos. Formamos também já mais de uma centena de formadores”, afirmou o brigadeiro-general, João Gonçalves, da Força Aérea Portuguesa, que coordena a EUTM-MOZ, à margem da cerimónia que antecipou, em Maputo, o dia da Europa, na quinta-feira (09).
“Estamos a capacitar as FADM com formadores para serem autónomos e continuarem a manter este ciclo de formação e ciclo de vida das próprias QRF [11 Forças de Reacção Rápida já formadas] porque elas têm que ser regeneradas”, acrescentou.
Os comandos e fuzileiros moçambicanos formados pela EUTM-MOZ já estão no terreno, numa altura em que está em curso a retirada da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) que igualmente prestavam a sua assistência no combate ao terrorismo.
“Estamos convencidos que o treino e o número de militares que estamos a treinar é decisivo na abordagem ao conflito em Cabo Delgado”, sublinhou.
A EUTM-MOZ integra 119 militares de 13 Estados-membros da UE, mais de metade de Portugal, mas tem a particularidade de integrar outros dois países, fora da UE, que contribuem com um militar cada, casos da Sérvia e de Cabo Verde.
Através do Mecanismo Europeu para a Paz, a UE apoiou ainda as FADM, desembolsando cerca de 89 milhões de euros para a aquisição de equipamento não letal para as unidades treinadas pela EUTM-MOZ.
(AIM)
Ac/sg