
Kigali, 18 de Mai (AIM) – Um encontro triangular, entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, do Ruanda, Paul Kagame, e o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyané, concessionária da área 1 (um) da bacia do Rovuma, província nortenha de Cabo Delgado, aprofundou questões sobre segurança no perímetro do projecto Mozambique LNG.
O encontro a três teve lugar em Kigali, capital ruandesa, à margem do África CEO Fórum, que aconteceu de 16 a 17 de Maio em curso, juntando governos africanos, empresários e várias instituições financeiras para discutir investimentos no continente.
Falando sobre as conversações tripartidas, Nyusi assegurou à imprensa moçambicana que o encontro serviu para discutir a segurança em Cabo Delgado e o ponto de situação no teatro operacional norte, olhando para os papéis que as partes jogam para a segurança naquela região.
“No encontro triangular falamos das questões de segurança na zona. Foi uma boa conversa, não levou muito tempo mas foi necessário tendo em conta que é um assunto prioritário”, disse Nyusi, em conferência de imprensa de balanço e que marcou o fim da sua visita de três dias ao Ruanda.
Nyusi explicou que Ruanda aparece no encontro entre o Governo Moçambicano e a TotalEnergies porque a tropa ruandesa que está em Cabo Delgado, desde 2021, uma das áreas da sua actuação é a zona de Palma, concretamente onde se situa a base logística de Afungi, para garantir segurança ao projecto Mozambique LNG.
No encontro foi aflorada a questão da sucessão do ciclo governativo, se implicaria a saída das tropas amigas ou não.
O estadista moçambicano garantiu às partes que a cooperação é com o país e não com pessoas, e realçou que a prioridade é fazer bem na execução das tarefas no terreno e garantir a paz e segurança.
“Podem perguntar porque é que não está aqui a SADC? Na zona de Palma e Mocímboa estamos a operar com o Ruanda. As FDS [Forças de Defesa e Segurança] trabalham com os nossos amigos do Ruanda. Por isso, o encontro foi com o Ruanda e a Total”, explicou.
Segundo o estadista moçambicano, tanto a TotalEnergies, como o parceiro ruandês, Paul Kagame, ficaram satisfeitos pela evolução da situação no terreno. As partes manifestaram o desejo de ver a questão do terrorismo resolvida em Cabo Delgado.
“Explicamos também o ruido que existe sobre a situação no terreno, que por vezes os terroristas disparam um tiro para o ar só para mostrarem que existem. Mas nós asseguramos que estamos atentos”, salientou.
O Chefe do Estado moçambicano confirmou que esta semana irá desembarcar, em Moçambique, mais um contingente do Ruanda para reforçar o combate ao terrorismo, compensando a retirada da tropa da SADC, num quadro de parceria que visa controlar um fenómeno que exige coordenação regional.
“Esta semana vai desembarcar mais um contingente, não para troca mas para acrescentar o fluxo, sobretudo por causa da saída da SAMIM. Não estamos a trazer a tropa porque Moçambique não consegue, mas porque o terrorismo não se combate só. Mas a responsabilidade maior é dos moçambicanos”, vincou.
(AIM)
PC/mz