
Presidente da República, Filie Nyusi, no painel presidencial do Africa CEO Forum
Kigali, 17 Mai (AIM) – O Presidente da República, Filie Nyusi, admite que se o terrorismo que apoquenta a província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, tivesse rosto e se os seus mentores tivessem declarado as suas reais motivações, o seu governo já teria embarcado pelo diálogo como solução para o problema.
Esta foi a resposta de Nyusi quando questionado sobre o problema da segurança no continente e em Moçambique em particular, numa altura em que o país continua a registar, embora em escala reduzida, ataques terroristas que colocam em causa a paz e segurança, comprometendo a implementação de projectos estruturantes no sector dos hidrocarbonetos.
O Chefe do Estado falava hoje, em Kigali, capital ruandesa, num painel presidencial que discutiu a liderança africana como chave do sucesso do continente, que contou com a presença dos presidentes de Quénia, William Ruto e do Ruanda Paul Kagame.
“Se fosse um inimigo conhecido a arma principal seria o diálogo. Eu, pessoalmente, cheguei a viajar para o mato ao encontro de um inimigo para dialogar, porque conhecia quem era e o que queria. Chegamos a um entendimento”, disse Nyusi, falando para uma audiência composta por grandes multinacionais do ramo petrolífero, bancos internacionais e directores executivos de grandes multinacionais vindos de todo o mundo.
Por isso, Nyusi afirma que não existe outra hipótese senão combater o fenómeno do terrorismo que, em Mocambique, atingiu o auge em 2021, comprometendo a execução de priojectos de desenvolvimento, entre os quais se destaca o Mozambique LNG que foi interrompido por razões de segurança.
“Através das Forças de Defesa Nacionais, com apoio do nosso país irmão o Ruanda e a missão da SADC através da SAMIM, em pouco tempo conseguimos controlar a situação. O terrorismo é um fenómeno que não se combate de forma isolada. Exige esforços colectivos, conjugados e integrados”, disse o Presidente da República.
Afirmou que a situação de Moçambique é melhor que de alguns países africanos onde decorre a exploração dos recursos naturais, graças ao trabalho conjunto na região.
Nyusi entende que a segurança, no seu sentido lato, para uma nação começa com garantia de serviços básicos, como alimentação, acesso a água, energia, educação, saúde, entre outros, incluindo a defesa da soberania e integridade física das populações face a todo o tipo de ameaças.
Garantiu que, apesar do fenómeno do terrorismo no norte do país, os investimentos em Moçambique estão a acontecer em todas as áreas de actividade, tais como energia, agricultura, infra-estruturas e transportes, assumindo, no entanto, que existem outros riscos negligenciados no continente, para além das guerras, mas que têm impacto negativo.
“Muita vezes negligenciámos resolver problemas básicos que trazem riscos. Risco é ter uma criança que não estuda, risco é ter uma criança que não tem alimentação, mas isso acontece quando adiamos algumas actividades. Em termos de segurança o ambiente em Moçambique é estável para produzirmos”, salientou.
Questionado sobre os amigos de Moçambique entre os Estados Unidos e a China, Nyusi deixou claro que o país não tem orientação ou preferência, afirmando que Moçambique dá primazia aos parceiros que permitem ganhos mútuos tanto na perspectiva política e económica.
“Os nossos amigos, os nossos parceiros são aqueles que satisfazem os interesses do moçambicano”, vincou.
Refira-se que, o painel presidencial, antecedeu um outro sobre investimentos em África no ramo de petróleo e gás. O presidente da petrolífera francesa TotalEnergies, Patrick apontou a insegurança como sendo o maior entrave aos investimentos no continente.
Pouyané citou como exemplo o caso de Moçambique, onde ataques terroristas forçaram a suspensão temporária os trabalhos na base logística de Afunji, em Palma, para a construção de um projecto bilionário para a produção de gás natural.
(AIM)
PC/sg