Maputo, 25 Mai (AIM) – O Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres (INGD) alerta que os ciclones e cheias já provocaram pelo menos 2.942 óbitos e afectaram 11.050.533 pessoas nas últimas cinco décadas em Moçambique.
A cifra de óbitos e afectados regista um crescimento nos últimos anos, como resultado do aumento da severidade e frequência dos ciclones. Aliás, até um passado recente Moçambique registava uma média de cinco ciclones durante uma década, mas o número cresceu tendo-se registado só nos últimos quatro anos, nove ciclones.
O INGD lista os ciclones e chuvas que abalaram o país com impacto mortífero severo, apontando o ciclone tropical IDAI que ocorreu em 2019 como aquele que maior número de óbitos causou (603), seguido pelos Ciclones Freddy que ocorreu 2022/2023 (172) óbitos e o ciclone Gombe em 2021/2022 com saldo de 62 mortes.
O INGD também ilustra a dimensão humana dos impactos dos ciclones Demoina (1983-1984), ciclone Filão (1999/2000), Flávio (2006/2007) e ciclone Delfina (2002/2003) que conjuntamente mataram 329 pessoas.
Aponta também as cheias do ano 2000 ocorridas nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane e Sofala, provocando a subida dos caudais dos rios Limpopo, Incomáti, Umbelúzi, Save, Búzi e saldo de 699 mortos. Em 2001 nos rios Púnguè, Zambeze e Licungo, causando 113 mortes e as cheias de 2015 que também provocaram a subida dos caudais dos rios Licungo, Zambeze, Messalo, Ligonha e Meluli, com um impacto de 167 mortes.
Os números foram partilhados recentemente pela directora do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), Ana Cristina, durante uma reflexão sobre os impactos dos eventos climáticos extremos nas autarquias, documento apresentado em Pemba, Cabo Delgado, zona norte do país.
“O histórico dos ciclones em Moçambique aponta para 1,503 óbitos e 6,235,853 pessoas afectadas. O histórico das cheias inundações ocorridos nas cidades, vilas e bacias em Moçambique demonstra que resultaram em 1,439 óbitos e 4,814,680 afectados”, revelou a fonte do INGD.
“A análise dos ciclones tropicais que ocorreram nas últimas cinco décadas revela que a frequência tende a aumentar em uma média de cinco por década. Na presente década, em apenas 4 anos, já foram registados nove ciclones”, disse Ana Cristina em Pemba.
No caso das cheias, a fonte avançou que no período de 1972 a 2024 foram registadas nas principais bacias hidrográficas em Moçambique, bem como inundações nas cidades e vilas afectando, cumulativamente 4,8 milhões de pessoas.
O refira-se que, o relatório sobre o Clima e Desenvolvimento de Moçambique, da autoria do Banco Mundial, divulgado em 2022 refere que as alterações climáticas irão agravar os desafios do desenvolvimento, observando que, os impactos dos ciclones em Moçambique, entre 1997 e 2022, causaram reduções até 7,3% do PIB.
De acordo com o documento, até 2050, no pior cenário de projecção climática “quente”, o nível de pobreza em Moçambique, aumentará 5%, adicionando à pobreza que afecta 1,6 milhões de indivíduos.
Por isso, o Banco Mundial chama atenção para a persistência de vários desafios impostos pelas mudanças climáticas, que aumentam a vulnerabilidade socioeconómica do país, e que exigem o fortalecimento das instituições, para que possam promover uma transformação económica mais estrutural.
(AIM)
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