
Maputo, 26 Mai (AIM) – O Chefe de Estado angolano e Presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), João Lourenço, manifestou hoje (26) a sua preocupação com a instabilidade e guerra que se verificam em alguns países da região, particularmente Moçambique e República Democrática do Congo (RDC).
Lourenço exprimiu a sua preocupação durante o seu discurso, na qualidade de Presidente da SADC, na investidura do presidente da vizinha União das Comores, Azali Assoumani, que foi reconduzido para mais um mandato de cinco anos, um evento que foi testemunhado pelo Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi.
“Continuamos preocupados com a situação de instabilidade e guerra ainda vigente em alguns dos Estados membros da SADC, nomeadamente em Moçambique e na República Democrática do Congo, para quem reiteramos o nosso contínuo apoio e solidariedade”, disse Lourenço.
Reconhece, porém, que a região da SADC continua a ser um bom exemplo no que diz respeito à realização, com regularidade, de eleições livres e transparentes, cujos resultados não geram, em regra, contestação violenta que ponha em perigo a manutenção da ordem e estabilidade dos países nem os fundamentos do Estado Democrático e de Direito.
“Para este ano, aguardamos a realização das eleições gerais na Namíbia, no Botswana, em Moçambique e na África do Sul, onde esperamos, mais uma vez, que os resultados venham a ser respeitados por todos os partidos concorrentes”, referiu.
Aliás, disse Lourenço, a cerimónia de investidura do Presidente das Comores, é uma demonstração de que a única via sustentável e legítima de se conquistar o poder em África é através de eleições livres, justas e transparentes.
As eleições explicou o estadista angolano, “dão ao povo a oportunidade de celebrar a festa da democracia com todas as suas reconhecidas virtudes, pois os líderes saídos de eleições podem contar com uma base popular ampla e consistente que lhes permite governar com legitimidade num clima de maior serenidade e estabilidade”.
Manifestou a sua apreensão com o conflito armado no Sudão, que tem causado um número crescente de vítimas humanas e grande destruição de importantes infra-estruturas económicas do país, assim como um elevado número de deslocados internos e de refugiados, desestabilizando os países vizinhos que se vêem com dificuldades de acudir a emergência humanitária criada.
Refira-se que Assoumani, 65 anos de idade, foi reeleito com 63 por cento dos votos.
Chegou ao poder pela primeira vez em 1999. Abandonou o cargo em 2002 e venceu as eleições 14 anos mais tarde. As reformas constitucionais de 2018 eliminaram o requisito de que a presidência rotativa entre as três principais ilhas que formam o arquipélago a cada cinco anos, permitindo que Assoumani se candidatasse à reeleição em 2019.
Assoumani disse no seu discurso de tomada de posse que o seu governo já desenhou um plano de desenvolvimento económico que vai revolucionar o pais.
“Vamos enveredar por um programa de desenvolvimento económico sustentado num amplo consenso que permitirá que até 2030 o país tenha bases sólidas para o desenvolvimento sócio-economico”, disse.
Anunciou que, para o efeito, já foi submetido aos parceiros um plano no sentido de mobilizar recursos financeiros sendo que um dos projectos já tem garantias no valor de pelo menos quatro milhões de dólares.
Disse ainda que é prioridade do seu governo neste mandato a modernização dos serviços de saúde, bem como a melhoria das infra-estruturas hospitalares.
Comprometeu-se também a apostar na formação profissional destinada a reforçar as competências dos jovens e comunidades locais contribuindo para a redução dos níveis de desemprego.
Além de Nyusi, participam no evento, que teve lugar em Moroni, capital das Comores, mais quatros Chefes de Estado nomeadamente João Lourenço de Angola, Madagáscar (Andry Rajoelina), Guiné-Bissau (Umaro Embaló) e República do Congo (Sassou Nguesso).
(AIM)
sg