
Nampula (Moçambique), 13 Mar (AIM) – A assistência humanitária para as comunidades e famílias afectadas pela passagem do ciclone “Jude”, que assolou pelo menos 17 distritos da nortenha província de Nampula, está a levantar preocupações devido à transitabilidade condicionada.
A chuva que acompanhou o “Jude” provocou cortes em muitas vias de acesso, galgamento das margens dos rios, inundações e cheias em diferentes pontos, havendo notícias de pessoas, particularmente na Ilha de Moçambique, enquanto as que estavam na mesma situação em Angoche já foram resgatadas, segundo o ainda administrador William Tunzine.
A informação foi partilhada, quarta-feira, durante uma sessão do Centro Operativo de Emergência (COE), dirigida pela presidente do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, que apelou à cautelas nas travessias para que as pessoas sitiadas não corram risco de vida.
“Este é um grande desafio, queremos apelar às pessoas que estão sitiadas a evitarem fazer a travessia por causa da dimensão dos cortes existentes. É importante que não façam a travessia sem segurança, porque isso pode perigar as suas vidas”, enfatizou.
Meque, está em Nampula e prometeu permanecer nas próximas horas enquanto decorrem acções intensas para ajuda humanitária às 19.602 famílias, números preliminares, afectadas pelo terceiro ciclone que assola a zona em menos de três meses.
A dirigente confirmou o número de mortes e feridos, chamando a atenção de que são dados em actualização.
“Do levantamento preliminar feito até esta manhã, contamos com seis óbitos, um em Larde, outro em Meconta e quatro em Nacala. Estes são os óbitos confirmados pela Saúde, feridos são vinte, Estes são dados preliminares as equipas continuam no terreno a trabalhar. Esta informação iremos actualizar e, nas próximas horas, poderá sofrer alteração”.
Segundo Meque, a ocorrência frequente de ciclones nesta zona do país, extrapolando as previsões meteorológicas, é um factor que aumenta a pressão sobre o governo para assistência humanitária às famílias, uma realidade com que é preciso saber conviver.
Entretanto, na manhã desta quarta-feira, o Secretário de Estado, Plácido Pereira, e o governador Eduardo Abdula, acompanharam a presidente do INGD, numa visita de campo ao local onde a N1 registou um corte, o que está a complicar a transitabilidade para a cidade portuária de Nacala e a província de Cabo Delgado.
No local, o governador, após inteirar-se do trabalho em curso liderado pela Administração Nacional de Estradas (ANE), fez diligências para que os materiais necessários para a reposição da circulação, de forma urgente, fossem disponibilizados ao empreiteiro, por uma empresa que explora pedra nas imediações.
Abdula pediu celeridade na execução do trabalho e também na abertura de um desvio para que nos próximos tempos o congestionamento que se regista no local possa ser vazado, pois há viaturas ali paradas com passageiros e carga diversa de e para Nampula, Nacala e Pemba.
“O que eu pedi aos empreiteiros e a Administração Nacional de Estradas é que tentem fazer isso no mais curto espaço de tempo, que se trabalhe dia e noite. Viram o fluxo de carros que estão ali parados, pessoas e bens, e corremos o risco de, se isso continuar, que haja problemas de abastecimento na cidade de Nampula”, disse Abdula.
O governador manifestou-se bastante preocupado com as notícias de problemas noutros distritos provocados pela chuva intensa que acompanhou o “Jude”, que entrou na província de Nampula pelo distrito de Mossuril, com ventos na ordem de 140 quilómetros horários.
Entretanto, o INAM prevê a ocorrência de chuvas fracas a moderadas, localmente fortes, acompanhadas de trovoadas e ventos moderados, podendo soprar por vezes com rajadas. A precipitação poderá estar entre 10 a 50 milímetros em 24 horas e ainda a melhoria do estado do tempo na província de Nampula a partir de sexta-feira.
(AIM)
Rosa Inguane(RI)/dt