
Lisboa, 21 Set (AIM)- Milhares de portugueses saíram este sábado (20) às ruas em Lisboa, a capital, e no Porto, no Norte de Portugal, em protesto contra a revisão da legislação laboral aprovada pelo Governo de direita da AD Coligação PSD/CDS-PP, liderado por Luís Montenegro, e considerada um “retrocesso nos direitos dos trabalhadores”.
Em Lisboa, o desfile contra a revisão da legislação laboral, integrado por milhares de pessoas, partiu da Praça Marquês de Pombal e percorreu a Avenida da Liberdade, no centro da capital portuguesa. num protesto convocado pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN). No período da manhã, centenas de pessoas manifestaram-se no Porto com o mesmo propósito,
Entre os milhares de manifestantes em Lisboa esteve o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, que defendeu que as alterações à legislação laboral propostas pelo Governo “não têm ponta por onde se pegue” e é “para rejeitar tudo”, considerando que representam um “ataque brutal” aos trabalhadores.
“Os trabalhadores não precisam, por mais pequenas que fossem, de mais pressões sobre as suas vidas. Precisam de mais salários, mais estabilidade, mais tempo para viver, mais condições e mais direitos. Nada disso está neste pacote laboral”, criticou Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas.
Para o secretário-geral do PCP, as alterações à legislação laboral do Governo introduzem “mais precariedade”, “maior desregulação dos horários” e a “pouca vergonha do despedimento sem justa causa”.
“O Governo quer o que o patronato quer, é que os trabalhadores estejam numa relação directa com a entidade patronal, sabendo que a correlação de forças é muito inferior quando o trabalhador está de forma individual a tratar com o patronato”, acusou Paulo Raimundo.
Os manifestantes nas duas cidades empunhavam cartazes a dizer “35 horas para todos”, “não ao pacote laboral”, “contra a política de direita e exploração – por uma vida digna”. Com cânticos acompanhados do toque de bombos, os manifestantes gritavam “o pacote laboral é retrocesso social”.
Os protestantes que partiram da Praça Marquês de Pombal e percorreram a Avenida da Liberdade, integrando trabalhadores vindos dos distritos de Leiria, Castelo Branco, Santarém, Lisboa, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Algarve, convergiram na Praça dos Restauradores, na baixa lisboeta, onde houve intervenções da Interjovem e do secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira.
Tiago Oliveira foi citado pela RTP a dizer que “os trabalhadores estão fartos de estarem sempre sujeitos a um conjunto de circunstâncias que lhes penalizam a vida”.
A CGTP reafirma que a proposta do Governo representa um retrocesso nos direitos dos trabalhadores e avisa que as acções de luta vão continuar.
“A questão central, neste momento, é informar os trabalhadores, discutir com os trabalhadores e trazê-los à rua para lutar”, disse Tiago Oliveira, durante a marcha sob o lema “Mais Salários e direitos – Outro rumo é possível!”.
A Intersindical diz estar num “grande momento de luta no sentido de derrotar a intenção do Governo” de coligação integrada pelo Partido Social-Democrata (PSD) e CDS-PP. Segundo Tiago Oliveira, trata-se de “um profundo ataque aos direitos dos trabalhadores” e aponta que há propostas de alteração inconstitucionais.
“Há uma coisa que os trabalhadores nunca nos perdoariam. Os trabalhadores nunca perdoariam à CGTP que se invertesse uma ou outra medida num pacote de mais de 100 e que as restantes 98 medidas fossem penalizadoras para os trabalhadores”, frisou a fonte, citada pelo “Diário de Notícias”.
Na última reunião de Concertação Social, em 10 de Setembro corrente, o Governo da AD comprometeu-se a apresentar uma nova versão do anteprojecto, “com evoluções” nas matérias relacionadas com a família e a parentalidade, segundo explicaram o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) e o presidente da Confederação Empresarial de Portugal.
(AIM)
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