
Actividade de garimpo
Chimoio (Moçambique), 14 Out (AIM) – O governo acaba de criar equipas multissetoriais para a recolha de motobombas e outros instrumentos usados por garimpeiros na extração de ouro ao longo das margens de alguns rios da província de Manica, centro de Moçambique.
As equipas vão trabalhar nos distritos, onde, numa primeira fase, sensibilizarão os garimpeiros que exploram ouro nas margens dos rios Púnguè e seus afluentes no distrito de Vanduzi.
Esta actividade foi antecedida pela notificação, há dias, de gestores de algumas empresas mineiras para a comunicação oficial sobre a suspensão total da mineração na província de Manica, decisão tomada pelo governo, em meados de Setembro último.
A decisão da suspensão total e imediata da mineração semi-industrial e artesanal foi tomada numa das sessões do Conselho de Ministro.
Aliás, a medida tem como objectivo travar a poluição das águas dos rios, um problema que também afecta a albufeira de Chicamba, principal fonte de fornecimento de água potável às cidades de Chimoio e Manica, a vila de Gondola e os povoados de Messica e Bandula.
As águas dos rios estão contaminadas e estudos feitos por alguns estabelecimentos de ensino superior evidenciam a existência de mercúrio e cianeto, substâncias químicas que prejudicam a saúde pública.
O governo considera a poluição dos rios e a degradação dos solos como sendo um crime contra o ambiente, daí a necessidade de se travar a mineração inimiga do ambiente.
No entanto, as equipas que trabalham na monitoria do cumprimento da decisão do governo constataram a existência de algumas empresas que continuam, de forma clandestina, a explorar o ouro na calada da noite.
Recentemente, alguns cidadãos de nacionalidade chinesa foram detidos em flagrante a extrair ouro no distrito de Manica.
Passados alguns dias, os mesmos foram colocados em liberdade condicional sob termo de identidade de residência.
Para além destes cidadãos, as equipas constataram igualmente a existência de outros cidadãos nacionais, sobretudo artesanais que teimam em extrair ouro durante a noite nas margens dos rios.
Um dos integrantes da equipa multissetorial que falou a AIM, na condição de anonimato, disse que a recolha de moto-bombas e outros instrumentos usados pelos garimpeiros está a ser realizada ao longo do rio Púnguè, no distrito de Vanduzi.
Todavia, nos próximos dias, a campanha estender-se-á para outras regiões como é o caso dos distritos de Manica e Sussundenga, onde há maior ocorrência da mineração artesanal.
“Agora estamos aqui em Vanduzi para depois seguirmos para outros distritos. Iniciamos campanhas de sensibilização, mas vemos que ainda há alguns exploradores que adoptaram outras estratégias de mineração. Como governo, iniciamos uma campanha de recolha de todo o material por eles usado como forma de desencorajá-los a continuarem a desenvolver esta actividade e poluir os rios”, explicou a fonte.
“Os resultados estão sendo bons porque recolhemos, em menos de dois dias, cerca de dez motobombas e outros instrumentos. Paralelamente a isso, temos estado a conversar com os próprios garimpeiros para sensibilizá-los sobre os objectivos e a importância desta medida tomada pelo governo em paralisar a mineração”, acrescentou.
A AIM sabe que, só no distrito de Manica, existem mais de 30 empresas envolvidas na extração do ouro. Todas já paralisaram a actividade em cumprimento da decisão do governo.
Mesmo o garimpo artesanal está paralisado, apesar de existirem alguns focos de exploração clandestina.
(AIM)
Nestor Magado (NM)/dt