
Participantes da Conferência Anual do Observatório do Meio Rural (OMR)
Maputo, 14 Out (AIM) – Especialistas em economia defenderam hoje, em Maputo, a necessidade de uma profunda reorientação do modelo de desenvolvimento de Moçambique, assente na diversificação produtiva, valorização do mercado interno e fortalecimento das instituições públicas, como condição essencial para garantir um crescimento inclusivo e sustentável nos próximos 50 anos de independência nacional.
O apelo foi lançado durante a Conferência Anual do Observatório do Meio Rural (OMR), subordinada ao tema “50 anos de Independência: O encontro reúne académicos, investigadores e decisores políticos para reflectir sobre os desafios estruturais do país.
O economista João Mosca destacou a elevada dependência externa, a fragilidade produtiva e o aumento das desigualdades sociais. “O modelo actual beneficia uma minoria e está excessivamente dependente de capitais e decisões externas. É urgente recentrar o desenvolvimento nas pessoas, no mercado interno e na produção nacional”, defendeu.
Mosca alertou que o peso crescente do sector extractivo e a redução do investimento produtivo têm limitado a geração de emprego e de valor interno, sublinhando que o país precisa de estabilidade política e inclusão social para sustentar o crescimento.
O economista Roberto Tibana acrescentou que o debate sobre o futuro deve ser guiado por evidências e não por percepções ideológicas. Defendeu que Moçambique precisa de definir uma visão comum de desenvolvimento, sustentada por conhecimento técnico e pelo papel activo das instituições. “Sem um centro de coordenação que integre economia, política e ciência, continuaremos presos a uma lógica de dependência”, afirmou.
Segundo Tibana, a planificação deve ser tratada como um instrumento dinâmico de aprendizagem e adaptação. “A independência só é completa quando o Estado se torna capaz de pensar e agir de forma autónoma”, reforçou, sublinhando a importância de alinhar as políticas económicas com a realidade produtiva e as necessidades do cidadão comum.
Já o economista Alexandre Abreu defendeu que o país deve apostar na industrialização e transformação estrutural para criar empregos e aumentar a produtividade. Sublinhou que o crescimento baseado apenas em recursos naturais não garante prosperidade duradoura.
“A industrialização é o caminho mais seguro para elevar os rendimentos e reduzir as desigualdades regionais. É preciso investir em capital humano, infra-estruturas e inovação”, frisou.
Abreu recomendou ainda uma reforma abrangente do sistema de planeamento económico, para assegurar coerência entre as metas de crescimento e os objectivos de bem-estar social, destacando que “o desenvolvimento sustentável exige uma coordenação eficaz entre Estado, sector privado e sociedade civil”.
O evento visa estimular o debate sobre novas políticas públicas capazes de reduzir a pobreza, fortalecer a soberania económica e promover uma economia mais justa e resiliente.
(AIM)
IN /sg