Maputo, 18 Nov (AIM) – Moçambique destacou, nesta terça-feira, 18, a importância de respostas coordenadas e baseadas em evidências para enfrentar o problema do tráfico de drogas e a criminalidade associada em África.
A posição foi defendida pela Directora do Gabinete Central de Prevenção e Combate à Droga (GCPCD), Filomena Chissons, durante a Reunião Técnica Continental da União Africana sobre o Plano de Acção para o Controlo de Drogas e Prevenção da Criminalidade 2026-2030, evento no qual o GCPCD apresentou um panorama detalhado das acções em curso no país, reforçando o compromisso em fortalecer a prevenção, o tratamento e a reintegração de usuários de drogas.
Segundo Filomena Chissons, cerca de 30 mil palestras educativas beneficiaram mais de 800 mil pessoas no primeiro semestre de 2025, destacando a expansão das iniciativas de prevenção primária.
No âmbito da prevenção secundária, mais de 10 mil pacientes com perturbações relacionadas ao uso de substâncias psicoactivas receberam atendimento nas unidades sanitárias do país.
Já na prevenção terciária, 1.800 usuários foram reintegrados às suas famílias, tendo sido realizadas cerca de 3 mil visitas de apoio psicossocial, o que demonstra o enfoque no cuidado e acompanhamento contínuo dos pacientes.
A dirigente ressaltou ainda os projectos-piloto de redução de danos em algumas províncias, incluindo a cidade de Maputo, com o objectivo de promover um atendimento seguro e acolhedor para usuários de drogas.
Chissons sublinhou que Moçambique continua a enfrentar desafios significativos enquanto país de trânsito, com o tráfico de cannabis sativa, heroína, metanfetaminas e cocaína por corredores marítimos, aéreos e terrestres, exigindo o reforço da vigilância, da cooperação policial e da capacidade de investigação.
O consumo interno de drogas, sobretudo entre adolescentes e jovens, continua a crescer, com impactos negativos na saúde pública, no ambiente escolar e na coesão social.
A Directora destacou ainda a importância de consolidar sistemas de monitorização e pesquisa sobre drogas, fortalecendo a capacidade institucional do país para implementar respostas baseadas em evidências.
No plano internacional, a Dra. Angela Martins, Directora-Adjunta para o Desenvolvimento Social, Cultura e Desporto da Comissão da União Africana, salientou a relevância do encontro para reforçar a cooperação entre Estados-Membros, líderes tradicionais e sociedade civil.
Por sua vez, o representante do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime em Moçambique (UNODC), António De Vivo, enfatizou a necessidade de integrar prevenção, tratamento e fiscalização, bem como de utilizar dados fiáveis para apoiar decisões estratégicas.
Para Joana Roberts, Chefe-executiva da Sociedade Internacional de Profissionais de Controlo do Uso de Substâncias, a importância de abordagens baseadas em evidências e no respeito pelos direitos humanos são essenciais no combate ao mal.
Por sua vez, o Príncipe Ray Kossi Thabo Sitholo, líder da Rede da África Austral de Líderes Tradicionais, destacou o papel central das comunidades e das lideranças tradicionais na redução da procura de drogas.
O Plano de Acção 2026-2030 estabelece pilares estratégicos de prevenção, tratamento, aplicação da lei, sistemas de dados, comunicação, controlo do álcool e de outras substâncias psicoactivas, além de indicadores claros para avaliação do progresso e mecanismos de cooperação regional, visando proteger a juventude e reforçar a solidariedade continental.
(AIM)
Isabel Nhampossa/ PC
