
Bispo Dom Joao Carlos Hatoa Nunes, fala em conferencia de imprensa sobre o processo eleitoral. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 12 Mai (AIM) – O arcebispo de Maputo, a capital moçambicana, Dom João Carlos Hatoa Nunes, apelou a toda classe de enfermeiros a pautarem pelo humanismo e priorizar o diálogo nos desafios que enfrentam na sua actividade profissional.
Os enfermeiros devem continuar a exercer as suas actividades com zelo e profissionalismo para salvar vidas humanas.
Dom João Carlos Hatoa falava para os fiéis da Igreja Católica durante a homilia alusiva a peregrinação anual, no município de Namaacha, província meridional de Maputo, evento que teve lugar hoje (12) e que coincide com os 107 anos da aparição da Nossa Senhora de Fátima, e com o Dia Mundial dos Enfermeiros.
“Queremos rezar por todos esses irmãos e irmãs, que são verdadeiros bons samaritanos, porque procuram sempre aliviar as dores, a doença. Então temos que rezar também pelos enfermeiros. Queremos dizer a eles, muita coragem, continuem a ser bons samaritanos”, afirmou.
A 29 de Abril último, a Associação dos Profissionais da Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) desencadeou uma greve que se saldou, até terça-feira (06), a escala nacional, em 327 óbitos.
Segundo o presidente da APSUSM, Anselmo Muchave, alguns profissionais de diversas unidades sanitárias do país estão a ser alvo de ameaças psicológicas, com destaque à transferências para zonas recônditas, assédio moral, abertura de processos disciplinares, entre outras, alegadamente pelo facto de estarem a aderir à greve.
Muchave, que falava em conferência de imprensa havida recentemente, em Maputo, afirmou que 95 por cento dos profissionais da saúde aderiram à greve.
Assegurou que maior parte dos óbitos anunciados ocorreram no Hospital Central da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique.
A greve, segundo a fonte, deve-se a persistência da falta de medicamentos, equipamento médico-cirúrgico, pagamento justo de horas extras, falta de alimentação de pacientes internados, superlotação de camas nos hospitais, entre outros problemas.
“Passamos ao reenquadramento definitivo dos técnicos de regime geral e específico, tivemos cortes na continuação dos estudos por parte dos profissionais da saúde, falta de uniforme que o governo terminou de dar no mês de Dezembro de 2023, falta de alimentação para os pacientes, muitas unidades sanitárias não têm camas nem lençóis. O exemplo disso é a maternidade do Hospital Central de Maputo [a maior unidade hospitalar do serviço publico em Moçambique] ”, disse Muchave.
Consta ainda do seu caderno reivindicativo, o não pagamento do subsídio de cirurgia no valor de três mil meticais (aproximadamente 47 usd) aos técnicos superiores de cirurgia e enfermeiras de saúde materna infantil com a componente cirúrgica, pois estes asseguram os blocos operatórios de todo o território nacional.
A fonte revelou que a maioria dos óbitos registados nos hospitais também está associada à falta de alimentação.
A greve dos profissionais da saúde, segundo Muchave, mantém-se até que o governo cumpra com o acordado.
No entanto, Dom João Carlos Hatoa Nunes vincou que a vida é o maior bem que o ser humano tem, pelo que os enfermeiros devem optar em fazer o bem para a humanidade.
“[Os enfermeiros devem] continuar a ser bons samaritanos, fazer as coisas para fins humanitários, e não o contrário, a vida é o maior bem que temos”, vincou.
(AIM)
Ac/mz