
O Ministro italiano dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, Antonio Tajani, recebeu em Roma o Ministro do Comércio chinês, Wang Wentao. A reunião serviu não só para aprofundar as relações comerciais entre os dois países – tema central da visita da Primeira-Ministra Giorgia Meloni a Pequim em Julho passado, mas também para abrir uma discussão sobre algumas questões políticas internacionais importantes. Escreve a AGI.
Entre estes, a situação crítica no Mar Vermelho. Durante meses, os ataques do grupo Houthi, baseado no Iémen, ameaçaram os navios comerciais que transitam entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico, portanto, entre a Europa e a Ásia.
Desde então, muitas companhias marítimas evitaram passar pelo Canal de Suez e pelo Mar Vermelho, preferindo contornar África e assim prolongar a viagem em 6.000 quilómetros, com consequências significativas nos custos de transporte e comércio internacional. “É muito importante que a China colabore para a segurança do Mar Vermelho, uma região crucial para a liberdade de navegação e segurança das exportações”, disse Tajani na sua conversa com Wang, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Mas há mais do que isso. O chefe da diplomacia italiana também discutiu com o ministro chinês questões ligadas às guerras em Gaza e na Ucrânia, apelando a um papel mais ativo por parte de Pequim.
“Levantei a questão dos fornecimentos militares à Rússia”, relatou Tajani, reiterando que “a colaboração da China também é fundamental tendo em vista a próxima conferência de paz”. Esta última deverá realizar-se em Novembro próximo, como tinha previsto recentemente o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, e deverá contar com a participação de “representantes da Rússia”, ao contrário da anterior cimeira organizada na Suíça em Julho passado.
O encontro entre Tajani e Wang surge num momento de intensos contactos entre Itália e China, numa fase que Meloni definiu como “reequilíbrio” das relações após a saída italiana do polémico projecto das Novas Rotas da Seda. Hoje é o terceiro confronto entre os dois homens num ano, sabendo-se que Tajani acompanhará o Presidente da República, Sergio Mattarella, a Pequim, em novembro. “As relações entre a Itália e a China atravessam uma importante fase de recuperação”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
“A China é o nosso maior parceiro comercial na Ásia e o segundo entre terceiros países, depois dos Estados Unidos. Queria reiterar a necessidade de igualdade de acesso ao mercado chinês e de condições de concorrência equitativas para as nossas empresas, especialmente para as PME e as empresas do setor agroalimentar. É precisamente com isto em mente que queremos continuar a trabalhar com os nossos parceiros chineses para reforçar a cooperação económica e reequilibrar a balança comercial entre Roma e Pequim”, sublinhou.