
Fábrica de processamento de castanha de caju
Maputo, 06 Mar (AIM) – As Micro Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) do sector manufactureiro em Moçambique continuam a lutar apenas para se manterem activas, mas sem alcançar um verdadeiro crescimento devido a actual conjuntura política, económica e social.
A conclusão está vertida no Inquérito às Indústrias Manufatureiras (IIM), apresentado há dias, referente ao ano de 2022, revelando que, o sector manufactureiro do país enfrenta desafios estruturais que impedem a inovação, expansão e criação de empregos, factores imprescindíveis para a transformação económica, melhoria das condições de vida e eliminação da pobreza.
“Uma conclusão importante do inquérito é que as MPMEs manufactureiras em Moçambique estão a sobreviver, mas não a prosperar”, lê-se no documento que tem como objectivo examinar o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas do sector manufactureiro.
Refere que, ao longo do tempo, a falta de estrutura no sector manufactureiro inviabiliza o seu crescimento e incapazes de contratar um maior número de profissionais.
Por isso, 75 por cento das empresas são micro contratando até 10 funcionários, e cerca de 20 por cento são pequenas, com capacidade de contratar 10-50 colaboradores, enquanto 5 por cento são médias contratando 51-300, e, na sua maioria concentradas na cidade e província de Maputo.
O relatório destaca que a falta de estrutura e progresso tecnológico mantém o sector manufactureiro estagnado desde 2012 e sem mudanças significativas ao longo dos anos, factor que pode colocar em causa a missão do sector manufactureiro de contribuir para transformar a economia e gerar empregos.
O mesmo documento revela que, nos últimos 10 anos, Moçambique registou uma redução drástica no tamanho das suas empresas, com microempresas a aumentar de 66 por cento para 75 por cento e o sentido inverso a ser notados nas pequenas e médias empresas.
O declínio acentuou-se desde 2017, marcando um período crítico em que metade das empresas registou perdas significativas de activos.
As províncias de Gaza e Maputo foram as mais afectadas, com destaque para os sectores de processamento de alimentos e carpintaria, que sofreram um impacto severo.
Segundo o Inquérito referido a diminuição não só encolheu as empresas, mas também impulsionou a informalidade no sector, dificultando o cumprimento das normas formais de funcionamento. “Actualmente, o número de empresas que atendem plenamente aos critérios de formalidade é cada vez menor, agravando os desafios económicos e regulatórios no país”, lê-se no estudo.
Outro dado animador, é que o estudo revela que empresas lideradas por mulheres têm melhor desempenho que as lideradas por homens, e um dos factores apontado tem a ver com o nível de escolaridade.
“O estudo aponta que as mulheres proprietárias ou gestoras de médias empresas possuem, em média, níveis de escolaridade mais elevados do que os homens, o que pode contribuir para uma gestão mais eficiente e produtiva”, vinca o documento.
(AIM) Paulino Checo (PC)/sg