
Maputo, Ago 13 (AIM) – O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização da sociedade civil moçambicana, com objectivo de promover a integridade na esfera pública através da denúncia de irregularidades, defende o fortalecimento de um diálogo entre o Banco de Moçambique (BM), bancos comerciais e outros agentes económicos para uma solução conjunta dos problemas do sistema financeiro, caracterizados pela escassez de divisas no país.
A posição foi apresentada esta quarta-feira (13), em Maputo, pelo director executivo do CIP, Edson Cortez, durante a apresentação do relatório preliminar dos resultados da pesquisa sobre escassez de divisas em Moçambique.
Segundo Cortez, o diálogo entre o governador do Banco de Moçambique, bancos comerciais e agentes económicos pode aliviar o mercado financeiro nacional.
“Se o governador do Banco de Moçambique e os gestores seniores dos bancos sentarem, como pessoas, eventualmente possam mudar algum dos seus dogmas e a forma de agir”, defendeu.
“Isso é um facto, então estamos perante um facto. Não vamos querer, temos que ser pragmáticos. É preciso negociar, é preciso saber lidar com o problema que temos, de modo a que possamos ter uma solução que seja viável para todas as partes”, acrescentou Cortez.
O relatório recomenda para que haja um fortalecimento na produção nacional e promoção de alternativas de captação de divisas, para que se possa resolver a causa do problema e não apenas os sintomas.
Segundo Cortez, se a escassez de divisas prevalecer poderá influenciar negativamente na arrecadação de dinheiro pela autoridade tributária.
“Mas o governador do Banco de Moçambique também tem que ser razoável, não é que ele possa querer e mandar. O país está parado. Se a economia pára, a autoridade tributária não tem como arrecadar dinheiro”, sustentou.
Realçou ainda que, se não arrecadar dinheiro, o Estado não tem possibilidade de pagar serviços, pagar salários dos funcionários públicos, pagar a construção de hospitais, de infra-estruturas. “Então, é preciso deixar que os actores deixem de ter um olhar simplesmente para o Banco de Moçambique e para as funções que ocupam, e principalmente porque ocupam cargos estruturais”.
O director executivo do CIP, acrescentou que a situação poderá também abrir espaço para o branqueamento de capitais e lavagem de dinheiro.
“Isso deixa um aviso à navegação, porque, para além de termos o problema de constrangimentos para os operadores comerciais e empresas, o que inviabiliza a economia, estamos perante um problema de branqueamento de capitais. Ninguém sabe onde é que ganha o dinheiro, como o dinheiro circula e essa disponibilidade de dinheiro. Isso significa que, eventualmente, todo o esforço que Moçambique possa estar a fazer para sair da lista cinzenta, há algumas zonas de penumbra, há algumas novas oportunidades de branqueamento de capitais e lavagem de dinheiro”, disse.
Por seu torno, o presidente da Associação dos Importadores Informais, vulgarmente conhecidos como Mukheristas, Sudecar Novela, reitera o reforço de um diálogo tripartido para solucionar o desafio enfrentado pelos operadores do comércio transfronteiriço.
“Mas também é preciso, de facto, que se reforce o diálogo tripartido. Banco de Moçambique, bancos comerciais e os agentes económicos, para ver se, no mais curto trecho, se possa ultrapassar este problema”, sugeriu.
“A nossa preocupação é mesmo de ser, de termos que pagar o preço mais alto na compra de divisas. Portanto, esta é a realidade que nós, operadores do comércio transfronteiriço, estamos a viver”, explicou Novela.
(AIM)
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