
Obras de construção de um edifício. Foto de Santos Vilanculos
Maputo, 27 Ago (AIM) ‒ O Presidente da Federação Moçambicana de Empreiteiros (FME),Bento Machaíla, garante que os empresários nacionais estão dispostos a participar na execução de grandes projectos de construção de infraestruturas no país, financiadas pelo Banco Mundial mas, para o efeito, pedem um relaxamento no nível das exigências impostas para ser elegível.
Machaíla falava à margem do Business Outreach Learning Event, uma iniciativa conjunta da FME e do Banco Mundial, que tinha como objectivo capacitar empresas moçambicanas sobre as regras de procurement em projectos de infra-estrutura financiadas pelo Banco Mundial.
“É um grande calcanhar de Aquiles as empresas nacionais ganharem as obras financiadas por instituições do Grupo Banco Mundial, porque um dos grandes problemas que os empreiteiros enfrentam são as regras que são exigidas, requisitos insuportáveis, falo, por exemplo, de requisito como provar ter facturado 50 milhões de dólares num ano, o que é difícil porque nenhuma empresa moçambicana consegue facturar 50 milhões de dólares”, disse.
O presidente da FME sublinha a importância de elevar a capacidade dos empreiteiros moçambicanos, pois o nível de exigências impostas culmina em empresas estrangeiras a ganharem os concursos e, consequente, expatriação dos lucros em prejuízo do desenvolvimento de Moçambique.
“Então é preciso olhar também o desenvolvimento das empresas [nacionais]. As empresas moçambicanas é que devem, em condições normais, ser as primeiras a se beneficiarem desses financiamentos, porque é aí onde há a garantia de que o desenvolvimento fica no país. Agora, quando são empresas estrangeiras a ganhar, naturalmente o que acontece é que depois as empresas expatriam os seus lucros para os seus países de origem”.
Por isso, a FME reitera aos seus parceiros do governo, encarregados da execução dos projectos, o seu compromisso de “colaboração para que em conjunto possam garantir processos mais eficientes, transparentes e com maior participação moçambicana”.
O Especialista Principal em Aquisições e Líder de Equipa do Banco Mundial para Moçambique para Moçambique, Madagáscar, Maurícias, Seicheles e Comores, Sidy Diop, reconhece as dificuldades que as empresas moçambicanas enfrentam.
“Do nosso ponto de vista, uma das limitações frequentemente observadas entre empresas privadas em Moçambique está relacionada com desafios na preparação de propostas. De forma geral, as propostas recebidas pelas Unidades de Implementação de Projectos não cumprem todos os critérios exigidos pelos documentos de concurso. Outros desafios incluem o acesso limitado ao financiamento e algumas dificuldades na preparação de documentos que evidenciem a capacidade administrativa”, disse.
Ciente da realidade, Diop assegura o compromisso do Banco Mundial na capacitação das empresas moçambicanas a fim de colmatar os desafios, um esforço iniciado desde o ano passado .
“A sessão de hoje teve como objectivo partilhar oportunidades relacionadas com os projectos financiados pelo Banco Mundial, bem como discutir mecanismos ideais para a preparação de concursos. Continuaremos a trabalhar em conjunto neste tipo de programa. Acredito que este é um trabalho contínuo, que visa desenvolver as capacidades do sector privado.”
O Business Outreach Learning Event decorre em Maputo e, para a FME, a sua realização é “um marco na sua relação com o Banco Mundial, que se assume como um verdadeiro parceiro para o desenvolvimento, sinal de uma parceria que vai além do financiamento, baseada no diálogo, na capacitação e, muito em particular no compromisso mútuo com o desenvolvimento de Moçambique”.
(AIM)
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