Mina de areias pesadas da Kenmare Resources, no distrito de Larde, província de Nampula
Larde (Moçambique), 28 Out (AIM) – A multinacional Kenmare Resources, que explora areias pesadas no distrito de Larde, província de Nampula, norte de Moçambique, está a consolidar-se como um dos principais motores para o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) com 40 por cento de aquisições no mercado doméstico.
Com compras anuais superiores a 73 milhões de dólares norte-americanos, a empresa destina cerca de 40 por cento do seu orçamento de aquisições a fornecedores nacionais, reforçando o seu papel como parceira estratégica do empresariado moçambicano e contribuindo para o fortalecimento da economia local.
O fortalecimento das ligações económicas entre a Kenmare e as MPMEs ganhou novo fôlego com o Projecto Conecta Negócio, implementado pelo Ministério das Finanças com financiamento do Banco Mundial.
Isefa Sitoe, gerente de Procurement da Kenmare, disse à AIM, que a empresa mantém uma política clara de priorização geográfica. “Começamos sempre por procurar fornecedores em Topuito, depois em Nampula e só em seguida no resto do país. Só recorremos ao exterior se não houver capacidade local”, explicou.
Actualmente, a Kenmare trabalha com 213 fornecedores moçambicanos, o equivalente a 40 por cento dos seus 700 parceiros activos. O volume de compras globais tem variado conforme os projectos de expansão, oscilando entre 79 milhões de dólares em 2023, 77 milhões em 2024, e uma projecção de mais de 73 milhões para 2025, impulsionada por novas obras de infra-estrutura e manutenção.
Os serviços representam a maior fatia dos fornecimentos nacionais, desde manutenção, logística, fumigação, lavandaria e estruturas metálicas. “Moçambique é um país de serviços, e é nessa área que encontramos maior competitividade”, destacou Sitoe.
Mais do que números, a aposta da Kenmare traduz-se em impacto social directo, exigindo que 80% a 90% da mão-de-obra dos subcontratados seja moçambicana, como forma de garantir a promoção de emprego e desenvolvimento local.
Contudo, a empresa estende o olhar para as áreas de agricultura e pesca, estudando formas de capacitar comunidades rurais próximas para o fornecimento directo de produtos alimentares ao complexo mineiro, uma aposta que poderá diversificar a economia local e reduzir importações.
A integração das empresas com os mega projectos está a ser impulsionada através de capacitações em gestão, certificação e procurement para dotar as empresas de maior capacidade de resposta as exigências das multinacionais.
Explicando a abordagem do Conecta Negócios como a ponte entre MPMEs e grandes projectos, Joel Sauane, especialista em desenvolvimento empresarial, garante que existe uma meta de formar 1.000 empresas em Cabo Delgado, Nampula e Tete, nas áreas de gestão, sendo que, até ao momento, 600 PMEs já foram capacitadas, das quais 200 em Nampula.
Segundo a fonte, quando se fala de capacitação e financiamento, dois casos de sucesso (empresas nacionais sediadas em Nampula) saltam à vista, designadamente, o Fumilar, empresa de fumigação que recebeu 25 milhões de meticais para construir um laboratório entomológico, refeitórios e armazéns. O investimento permitiu duplicar o número de trabalhadores e aumentar em 15% as vendas e a empresa Construção Auro, que opera no ramo de construção civil, com histórico impactante de prestação de serviços a mega projectos.
“Esperamos que até ao final do ano a Fumilar alcance um crescimento de 20%”, adiantou Sauane.
Para o caso da Construções Auro, fornecem serviços a Kenmare e Vulcan, tirando maior proveito das capacitações e subvenções da Conecta Negócio no valor de 17 milhões de meticais, verba aplicada na compra de equipamentos para o aumento das operações.
No entanto, apesar dos avanços, a participação das empresas nacionais nos concursos lançados pela Kenmare ainda é limitada, estando aquém das expectativas da empresa, que espera com o apoio do projecto Conecta Negócios, para encorajar mais empresas a aderirem nos concursos.
“Convidamos várias empresas moçambicanas a participar em concursos, mas muitas não se aproximam, alegando dificuldade em aceder às informações sobre oportunidades”, reconheceu Sitoe.
Para inverter esse cenário, a Kenmare tem reforçado a cooperação com a CTA e o Projecto Conecta, que funcionam como plataformas de ligação e comunicação com os empreendedores, espevitando integração económica que está a transformar realidades e a criar novas oportunidades.
(AIM)
Paulino Checo /sg
