Maputo, 07 Nov (AIM) – O Ministério das Fianças promoveu uma sessão de auscultação pública sobre a criação do Banco de Desenvolvimento de Moçambique (BDM), durante a qual muitos participantes defenderam um modelo de investimento claro, sustentável e orientado ao interesse público, capaz de impulsionar a diversificação da economia.
O governo moçambicano pretende criar o BDM como uma instituição financeira para financiar projectos de médio e longo prazo, impulsionando a industrialização e a valorização de recursos nacionais.
O banco também deverá financiar projectos para jovens e para a promoção de micro pequenas e médias empresas.
Segundo o jornalista João Machicano, o BDM deverá priorizar sectores estruturantes e assumir riscos onde a banca comercial não entra.
“O BDM não pode competir com a banca comercial. O seu foco deve ser financiar sectores estratégicos, onde nenhum outro entraria, porque é aí que está o verdadeiro desenvolvimento,” afirmou.
Machicano enfatizou que o banco deverá disponibilizar instrumentos de financiamento de longo prazo, taxas ajustadas à realidade nacional e mecanismos de acompanhamento dos projectos.
“Sem assistência técnica, o crédito não transforma; o banco deve financiar e acompanhar,” frisou.
Para o empresário e consultor Faizal Juma, a definição de um modelo de investimento sólido passa pela criação de bases legais claras que ofereçam segurança ao Estado e aos investidores.
“Precisamos de uma lei específica que estabeleça claramente como o banco opera, de onde vem o capital e como é aplicado. Sem isso, o risco de captura política e desvio de finalidade torna-se elevado,” sublinhou.
Juma destacou ainda que o modelo deve garantir impacto mensurável:
“Cada metical investido deve demonstrar retorno social e económico.”
Já o vice-presidente da Federação de Desenvolvimento Empresarial de Moçambique, Adérito Macie, chama a atenção para a articulação entre o BDM e o Fundo Soberano.
“O simples fluxo de recursos do Fundo Soberano para o BDM não resolve problemas estruturais. A alocação tem de ser pensada estrategicamente,” afirmou.
Macie defendeu ainda a diversificação da estrutura accionista do banco. “A participação de instituições multilaterais pode reforçar a credibilidade e afastar interferências políticas directas.”
No debate, participantes alertaram para a necessidade de cautela quanto à participação de empresas públicas como accionistas, reforçando que a independência operacional é indispensável para que o BDM cumpra o seu mandato.
A possibilidade de transformar o Banco Nacional de Investimento (BNI) em BDM também foi tema de discussão, mas a maioria rejeita a proposta.
“O BNI tem história e estrutura que não respondem ao presente desafio. O BDM precisa nascer com outra lógica e outra imagem,” destacou Machicano.
No encerramento, o Ministério da Economia e Finanças reconheceu as contribuições e assegurou que estas irão apoiar a definição final do modelo de investimento do BDM, reforçando o compromisso com um processo participativo, transparente e alinhado às necessidades de desenvolvimento do país.
(AIM)
IN /sg
