Nampula (Moçambique), 31 Dez (AIM) – Mais uma vez a natureza, cheia de mistérios, decidiu, dar um ar da sua graça e os dias escaldantes de Dezembro na nortenha província de Nampula, descambaram, num domingo, 31, com uma temperatura máxima de 33 graus Celsius.
Esta é uma temperatura bem suportável, comparativamente ao calor tórrido e sufocante, vivido nos últimos dias, que acabou sendo fatal para a tribo das aves, com muitas a obitar e desertar os grandes aviários e capoeiras domésticas.
O Instituto Nacional de Meteorologia, (INAM), traz mais boas notícias, pelo menos no que se refere ao arrefecimento da temperatura, e os 33 graus de máxima do dia 31, soma-se a mesma para o 01 de Janeiro, Dia Mundial da Paz, para ambos os dias a mínima é de 24.
Tudo melhora, um pouco mais no segundo dia do ano, 02 de Janeiro, pois, de acordo com o INAM, a máxima no termómetro do homem do tempo não irá além dos 31 graus, com a mínima a situar-se nos 22 graus.
São boas notícias para quem sofreu o sufoco do tempo quente dos últimos dois meses, mas para aqueles que gostam de praia, devem ficar atentos porque o INAM prevê alguma chuva e relâmpados.
Depois do tempo, que o INAM apresenta, segue-se para outros pontos de interesse.
Por exemplo, a cidade de Nampula, habitada por quase 800 mil pessoas acordou numa calmia, com estradas vazias de viaturas e transeuntes, neste dia 31 de Dezembro.
Nas grandes avenidas da zona urbana e nos bairros suburbanos, tudo está calmo, muito diferente do ambiente da véspera do Natal.
Nas paragens de taxi-motas, o desespero dos operadores é visível por falta de clientes.
Nos mercados, até no grossista do Waresta, o movimento, até as 14 horas de hoje era fraco, e o contraste era a grande abundância de oferta de todo o tipo de produtos, incluindo o frango vivo e ovos, desaparecidos no Natal e os clientes.
Os preços, dizia uma dona de casa, nem parecem ser da véspera do fim-do-ano, pois estão iguais aos de Novembro.
Os vendedores reclamam da falta de clientes, mas acreditam que na primeira semana de Janeiro, tudo poderá melhorar porque as famílias precisarão de repor as suas reservas, gastas de forma descontrolada, como convém, durante a quadra festiva.
No meio deste ambiente, festivo, saltam, à vista os problemas, de abastecimento de água pelo provedor institucional local, a empresa Águas da Região Norte, antiga FIPAG, e que abrange ambas zonas, urbana e suburbana.
Os gestores da ARA-Norte e do ARN, argumentam que a falta de chuva complicou tudo e que, portanto, está-se no meio de uma crise.
De resto a cidade Nampula tem uma população estimada em 800 mil habitantes e apenas 30 por cento são abastecidos pela rede formal o que significa que perto de 560 mil habitantes, vêem-se e desejam-se para ter acesso ao precioso líquido no seu dia-a-dia.
João Miguel Sitoe, chefe do Departamento e Gestão de Recursos Hídricos da ARA-NORTE, informou que a albufeira da barragem de Nampula, sobre o rio Monapo, apresenta actualmente, um cenário nada animador.
“Nesta altura a situação é critica para a cidade de Nampula. A barragem tem uma capacidade de armazenamento, de 3,8 milhões metros cúbicos. Actualmente, estamos a falar de cerca de 40 por cento, perto de 1,2 milhão disponíveis o que não é suficiente para suprir as necessidades”, explicou.
Sitoe abriu uma janela de esperança informando que já está em perspectiva a construção da barragem de Macudje, que dista cerca de seis quilómetros da existente, igualmente sobre o rio Monapo e, se tudo correr a contento, as obras deverão iniciar dentro de 15 meses.
Capitine Ernesto, da ARN, confirma a crise no abastecimento de água, pois a produção sofreu uma redução drástica, mas garante que locais como hospitais e cadeias estão no topo das prioridades.
“Até Setembro tínhamos um nível de produção de cerca de 30 mil metros cúbicos/dia, reduzimos para 20 mil, e com esta quantidade de agua não é possível abranger todos os clientes do sistema. Por isso, a distribuição está a ser faseada”, esclareceu.
A albufeira da barragem de Nampula, construída sobre o rio Monapo, há cerca de 60 anos, tem a capacidade de máxima de encaixe de quatro milhões de metros cúbicos.
(AIM)
RI/sg