Maputo, 09 Fev (AIM) – O académico e hidrologista moçambicano Agostinho Vilanculos, afirma que urge uma maior cooperação entre os países membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) como forma de evitar conflitos devido a escassez de recursos hídricos.
No caso particular de Moçambique, o assunto é de uma urgência particular pois partilha com a região, nove das 15 principais bacias hidrográficas.
Vilanculos deixou a advertência na manhã desta sexta-feira (09), em Maputo, durante o lançamento do seu livro intitulado: “Cooperação Hídrica na Região Austral no Contexto de Emergência Climática”.
Explicou que a obra pretende despertar uma reflexão sobre questões das bacias hidrográficas e os conflitos que podem advir do aproveitamento desigual destes recursos entre os Estados.
“O objectivo é despertar a atenção e as questões de climas que temos que levar um pouco à sério, a par disto é a questão das assimetrias económicas”, disse.
Segundo Vilanculos, os projectos ambientais erguidos ao longo das bacias hidrográfica devem beneficiar as populações circunvizinhas, sob pena de servirem como fonte de conflitos.
“Na região do Orange, a África do Sul pratica muita mineração e o excesso vai para a Namíbia, a água poluída, a água boa que tiraram das montanhas vai para Joanesburgo, coloca Namíbia num stress total e coloca a sociedade num stress total, a população não pratica a agricultura, não faz nada”, acrescentou Vilanculos.
Já o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, que participou no evento, disse ser crucial o alargamento da capacidade interna de retenção de água no país.
“A distribuição desigual de recursos hídricos entre os países da região requer o engajamento de todos. Para o caso de Moçambique, que compartilha nove principais bacias hidrográficas da região, a gestão conjunta dessas bacias é extremamente importante”, disse.
Defende a formulação de políticas conjuntas entre os países da SADC como forma de minimizar o risco de escassez de água no contexto das mudanças climáticas, desastres naturais e prevenção de conflitos entre os Estados da região.
Segundo Mesquita, também é de interesse nacional que os mecanismos de cooperação relativamente da gestão integrada de recursos hídricos partilhados sejam estabelecidos, operacionalizados e consolidados.
Sobre a obra de Vilanculos, fruto de uma pesquisa de quatro anos, o ministro explica que a mesma apresenta-se como uma reflexão sobre a realidade da gestão dos recursos hídricos no país e na região.
“Este livro é didáctico, pode parecer muito técnico, saímos daqui com uma imagem muito clara porque apresenta aspectos práticos, casos concretos da vida real que depois animam o processo de leitura”, disse.
A obra composta por cinco capítulos, versa sobre histórias de cooperação em rios internacionais, princípios de cooperação hídrica e os factores que concorrem para o surgimento de conflitos em bacias hidrografias e potenciais riscos na região da SADC.
(AIM)
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