Maputo, 19 Mar (AIM) – Moçambique é a favor de um mundo que dê primazia e prioridade ao desenvolvimento da tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos, dando ênfase à transição energética e na medicina humana, disse segunda-feira (18), na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo.
A governante moçambicana discursava no Evento de Destaque de Alto Nível Ministerial, da presidência do Japão, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, subordinado ao tema: “Desarmamento e Não-Proliferação Nuclear”.
“Queremos, por isso, servir-nos desta sessão do Conselho de Segurança, para recomendarmos que: A 11.ª Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, prevista para o ano 2026, considere adoptar esta abordagem nos seus pontos de agenda de trabalhos, à luz da responsabilidade política dos líderes actuais, de construir um mundo livre de armas nucleares para as gerações vindouras”, sugeriu.
Acrescentou que “os nossos jovens e as gerações vindouras merecem viver num mundo de paz, harmonia e concórdia.”
Ainda neste contexto, avançou com outros aspectos que considera importantes, nomeadamente a adopção de uma abordagem equilibrada no uso da tecnologia nuclear, incluindo a Inteligência Artificial, que se pode traduzir na implementação da legislação internacional pertinente e na concertação entre os Estados.
Por isso, sugeriu a criação de um Pacto Global, sob a forma de uma incubadora, através da qual sejam partilhados o conhecimento e a tecnologia nucleares relevantes para o progresso da humanidade, em consonância com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e o reconhecimento e valorização do trabalho da Comissão do Desarmamento das Nações Unidas, do Comité 1540 de 2004 e da Agência Internacional de Energia Atómica, pelos esforços em prol do desarmamento nuclear e não-proliferação e que esta exerça seu mandato com isenção e imparcialidade.
Na ocasião, Verónica Macamo reiterou o compromisso de Moçambique de continuar a colaborar com os organismos internacionais para a promoção do desarmamento nuclear, do uso pacífico da energia nuclear para uma paz sustentável em prol do desenvolvimento económico e social.
Para Moçambique, segundo a Ministra, o agendamento deste tema, representa uma excelente oportunidade para o Conselho de Segurança fazer uma reflexão profunda sobre os compromissos assumidos pelos Estados-membros da Organização das Nações Unidas.
“Estamos conscientes de que atravessamos uma conjuntura internacional desafiadora, devido à ocorrência de situações complexas, com impacto directo na arquitectura da paz e segurança internacionais”, reconheceu.
Com efeito, apontou que, em várias partes do mundo, a instabilidade político-militar, conflitos armados, a pobreza e os efeitos das mudanças climáticas que continuam a ter um impacto significativo e negativo, desafiam os esforços para a promoção da paz e do desenvolvimento.
“A situação é exacerbada pela fragmentação e recomposição de grupos não estatais, com acesso às novas tecnologias de informação e comunicação que as usam para fins terroristas”, disse.
Assim, anotou que Moçambique está particularmente preocupado com “a perigosa tendência de construção e difusão de narrativas e de outros actos geradores de desconfianças, que nos podem conduzir a retrocessos na nossa agenda do desarmamento e não-proliferação de armas nucleares.”
“É nosso entendimento que os elementos de uma agenda concreta e prática, através da qual se pode reduzir o risco de conflito nuclear e de corridas armamentistas e fortalecer o Tratado de Nāo-Proliferaçāo Nuclear, incluem o reconhecimento, por todos os Estados-membros, de que o status quo nuclear gerador de instabilidade, desconfiança, a incerteza e a competição, derivam da incoerência entre o discurso e a prática”, disse.
Estes instrumentos, acrescentou, denotam uma forte demonstração de apoio às abordagens multilaterais do desarmamento nuclear e são essenciais para promover a segurança global, reduzir a proliferação de armas nucleares e manter um mundo mais seguro e pacífico.
Vincou que Moçambique é a favor de um mundo que dê primazia e prioridade ao desenvolvimento da tecnologia nuclear para fins pacíficos.
(AIM)
Dt/sg