
Raparigas moçambicanas
Maputo, 30 Mai (AIM) – As raparigas residentes nas regiões norte e centro de Moçambique registam um aumento de 40 por cento na taxa de absentismo devido a falta de informação sobre a higiene menstrual.
“Podemos dizer que, em média, 40 por cento de raparigas desistiram”, disse a directora nacional da Be Girl, Aquílcia Joaquim, em conferência de imprensa que teve lugar esta quinta-feira (30), em Maputo.
O evento era parte integrante das celebrações do Dia Mundial da Higiene Gestão Menstrual, que se assinala a 28 de Maio.
“Fomos à uma escola que, ao início do ano tínhamos aproximadamente 800 raparigas e 700 rapazes inscritos. Entretanto, ao meio do ano só tínhamos 600 raparigas mas o número de rapazes não sofreu uma redução”, apontou.
Segundo Aquílcia Joaquim, várias mulheres e raparigas sentem o estigma e discriminação porque carecem de um produto digno e condições sanitárias condignas para gerir a sua menstruação, assim como, existem mitos e tabus em torno da gestão da menstruação.
Por isso, diz a fonte, a família é uma base de reafirmação do que é aprendido na escola e considera o papel dos pais e encarregados de educação, fundamental para a desmistificação.
“Nós nascemos e crescemos dentro de uma família. A nossa construção social é feita numa família. Se a nossa mãe, ou o nosso pai tem estigma e discriminação em relação à menstruação, eu como filha não terei outra forma de pensar”, explicou.
Por sua vez, o representante da Direcção Nacional de Nutrição e Saúde Escolar do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), Adelino Maurício, fez referência ao Pacote Nacional de Higiene e Gestão Menstrual, desenvolvido pelo Ministério em 2022, “com o objectivo de prover um instrumento adequado e oficial a vários intervenientes no campo da gestão da higiene e gestão menstrual”.
“Começámos na cidade e província de Maputo. Hoje, este pacote está a ser aplicado em todas as províncias, com a provisão de materiais”, frisou.
O pacote inclui uma manual ilustrativo, de fácil compreensão e em tamanho gigante, um jogo para identificar e desmistificar mitos e tabus, folhetos informativos, cativantes e adequados à idade e, vídeos animados e educativos.
“Ele é muito importante porque veio reforçar a capacidade dos vários intervenientes da percepção sobre a importância da abordagem da questão da higiene e gestão menstrual.
O pacote é simplificado e, por isso, faz a integração dos pais e encarregados de educação, os conselhos de escola, os professores e alunos, principalmente do Ensino Secundário.
“Não é aplicado apenas às mulheres, mas a todo o grupo para que não se sinta discriminada, e que faz parte da sociedade mesmo em período menstrual. Ela tem a capacidade de fazer todas as actividades que poderia fazer no período normal”, disse.
Realçou que a gestão da higiene menstrual é uma forte causa do absentismo escolar por parte da rapariga, pois durante cinco dias de cada mês tem de se retirar da escola para ir cuidar da sua higiene menstrual, perdendo assim algumas horas lectivas que, acumuladas determinam a sua reprovação.
Em Moçambique, a data é celebrada sob o lema “Juntos, Desconstruindo Mitos e Tabus Sobre a Menstruação em Moçambique”, pois reflecte os 10 anos de trabalho realizados na desconstrução de mitos e tabus à volta do assunto.
Participaram no evento entidades do Governo, representante do MINEDH, Ministério da Saúde, Direcção Nacional de Água e Saneamento, Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio do SIDA (PEPFAR), Programa Alimentar Mundial (WFP), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a WaterAid, entre outros.
(AIM)
NL/sg