
Rei da Marrabenta Dilon Djindji
Maputo, 18 Set (AIM) – O músico moçambicano Dilon Djindji perdeu a vida na madrugada desta quarta-feira (18), aos 97 anos de idade, vítima de doença, no Hospital Central de Maputo (HCM).
Dilon Djindji nasceu no dia 14 de Agosto de 1927, no município de Marracuene, província de Maputo, cerca de 30 quilómetros da capital moçambicana.
Nos últimos anos, entre baixas de saúde e internamentos hospitalares, sobretudo devido à idade, Djindji começou a travar a batalha mais difícil da sua vida, a de continuar com aqueles que o fizeram “rei” e deixando esposa, oito filhos e netos.
Ao longo da vida, Dilon Djindji travou várias batalhas, até autoproclamar-se “Rei da Marrabenta” tocando e interpretando esse ritmo musical do sul do país, levando além-fronteiras as particularidades distintas da música moçambicana.
Apesar da coragem, determinação e longevidade artística chegou um momento em que o seu estado de saúde o impediu de continuar a compor e a divertir-se fazendo o que realmente gostava, cantar e dançar para a sua gente.
O compositor, intérprete, coreógrafo e bailarino moçambicano, aos 12 anos de idade, produziu a sua primeira guitarra, com apenas três cordas, a partir de uma lata de óleo e três anos depois, teve a sua própria guitarra e, com ela, começou a tocar em casamentos e em festas particulares estimulado pela irmã mais velha. Nessa altura, tocava os populares estilos musicais dzukuta e magica.
Djindji sempre encontrou na música a arte de se expressar. Mas a sua vida também é feita de outras histórias.
Em 1945, frequentou um curso de estudos bíblicos da missão suíça, em Ricalta, Marracuene, onde Henri Junod fundou uma escola evangélica.
Antes de ser “king da marrabenta”, Dilon foi pastor de igrejas, jogador de futebol e pugilista. E, apesar de uma vida intensa, nunca ignorou o vigor da música, mesmo quando trabalhou como mineiro na vizinha África do Sul, e numa cooperativa agrícola.
Em 1973, Dilon gravou o seu primeiro álbum, Xiguindlana e ao longo do tempo, popularizou-se com canções que reflectem o quotidiano moçambicano, como “Maria Teresa”, “Angelina”, “Maria Rosa”, “Sofala”, “Marracuene”, “Xitlanwana” e “Podina”.
Já na terceira idade, internacionalizou a sua carreira como vocalista dos Mabulu onde no palco, a performance e os passos de dança eram incomparáveis. Com os Mabulu, viveu os melhores momentos da carreira, tendo actuado em Portugal, Inglaterra, Noruega, Alemanha e Emirados Árabes Unidos.
Em 2013, a história do “Rei” foi contada em livro, intitulado Vida e obra de Dilon Djindji.
Quando cantava, Dilon Djindji acreditava estar a cumprir uma missão que, inclusivamente lhe valeu a “Medalha de Mérito de Artes e Letras”, atribuída pelo Governo de Marracuene e ele dizia: “Temos de cantar para alegrar os corações das pessoas. Quando isso acontece, até os nossos antepassados descansam em paz”.
As autoridades governamentais na província de Maputo lamentam a morte do compositor, intérprete, coreógrafo e bailarino moçambicano de Dilon Djindji.
Segundo o governador da província de Maputo, Manuel Tule, com a morte do ícone do ritmo Marrebenta, o país perde um dos suportes da cultura moçambicana.
“Dilon Djindji conhecemos desde os tempos, pela sua alegria, pela sua entrega, na manutenção e valorização da nossa cultura moçambicana. O seu desaparecimento físico deixa um vazio muito difícil de preencher”, lamentou Tule.
Por seu turno, o presidente do Conselho Municipal de Marracuene, Shafi Sidat, afirma que a morte de Dilon Djindji deixa um vazio enorme no seio da música moçambicana.
“A cultura moçambicana fica muito pobre. Significa que há que valorizar o que ele deixou, a história que ele deixou. Estamos todos concentrados em dar um melhor seguimento às cerimónias fúnebres dele”, disse Sidat.
(AIM)
Fernanda da Gama (FG) /sg