
Maputo, 6 de Jun (AIM) – O Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária em Moçambique, pretende fortalecer a implementação de mecanismos de compromisso com qualidade hospitalar, adoptando um modelo brasileiro bem-sucedido no Estado de São Paulo.
A abordagem está inserida num projecto trilateral entre a Agência de Japonesa de Cooperação Internacional (JICA), o Ministério de Saúde de Moçambique e a Agência Brasileira de Cooperação Internacional (ABC), com vista a ajudar o país a prestar serviços de melhor qualidade a nível das unidades sanitárias.
Para a operacionalização da iniciativa, a Agência Brasileira de Cooperação Internacional enviou sete peritos ao Hospital Central de Maputo, para dotar a maior unidade sanitária do país de ferramentas técnicas para melhoria na gestão hospitalar e de sistemas de saúde, implantando metodologias de qualidade.
Sendo assim, decorrem no HCM oficinas para criação de sistema de referência e contra referência na região de grande Maputo, uma proposta que visa tirar melhor proveito dos recursos do sector de saúde, dando indicações claras sobre, que tipo de pacientes deverão ser atendidos no HCM e nos centros de saúde, como forma de aliviar a pressão nos serviços.
Em entrevista a AIM, a médica de São Paulo, Raquel Zaicaner, que integra a equipa brasileira que presta assistência técnica, disse que as oficinas representam o início de um caminho para a melhoria do sistema de saúde de Moçambique, traçando, para HCM e hospitais de nível secundário, as prioridades para o atendimento de diferentes tipos de pacientes, como metodologia organizacional.

“Na hora que você faz um sistema de referência e contra referência, você tem informação concreta sobre os pacientes que procuram serviços de saúde. Pretendemos criar condições para um melhor encaminhamento de pacientes para o HCM. O grupo identificou problemas gerais no sistema de saúde no grande Maputo e propôs solução para melhoria”, disse a fonte.
Para Josué Nunes, Coordenador da cooperação trilateral em benefício de Moçambique, o HCM mostra-se comprometido com a questão de qualidade na gestão hospitalar, assegurando abertura do Brasil em continuar a providenciar o apoio técnico no diagnóstico dos desafios e deixar recomendações que apontem saídas para os constrangimentos.

“Estamos a trazer um modelo que pode ajudar o hospital a resolver alguns problemas. É um modelo bem-sucedido em São Paulo. O projecto encontra-se na metade da sua fase de execução, tendo já realizado duas capacitações em Moçambique e duas no Brasil”, disse Josué Nunes.
Também falando à AIM, a Directora Administrativa do HCM, Maria Felicidade, destacou a importância da cooperação técnica trilateral (Moçambique-Japão-Brasil), como uma experiência baseada num modelo de excelência em gestão hospitalar, com foco na prestação de cuidados de saúde à população.
Referiu que o projecto abrange, igualmente, as províncias de Nampula, Sofala e Zambézia, tendo o HCM sido escolhido para a fase piloto, por ser um hospital-escola, com clínicas especializadas, tendo sido eleitas as áreas de neonatologia, pneumologia e radiologia para especialização em matérias de gestão hospitalar.

“O sucesso deste projecto no Brasil está sendo transferido para o Hospital Central de Maputo e outros hospitais do nosso país”, disse a directora.
Sobre as queixas de morosidade no atendimento na pediatria do HCM, a fonte argumentou que o HCM é um hospital quaternário onde os pacientes recorrem quando não encontram respostas na base, sendo que, segundo a fonte, os pacientes têm saltado etapas e recorrido directamente à pediatria do HCM à procura de soluções que podem ser dadas a nível dos hospitais provinciais e centros de saúde, criando, desta forma, pressão àquela unidade hospitalar.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt