Nampula (Moçambique), 09 Jan (AIM) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirma que as discordâncias não devem levar a destruição de infra-estruturas que servem os cidadãos.
O estadista moçambicano fez estas considerações nesta quarta-feira (09) na cidade de Nampula, norte do país, durante a cerimónia de inauguração do Tribunal Superior de Recurso que tem jurisdição também para as províncias da Zambézia, centro, Niassa e Cabo Delgado, também no norte.
Esta foi uma alusão a onda de vandalização e destruições que ocorreram no país nos últimos dias decorrentes de alegados protestos contra os resultados das eleições gerais de 09 de Outubro passado.
Nyusi destacou que mesmo não concordando, mas, em respeito pelo desejo da maioria, é preciso encontrar consensos.
“Muitas vezes podemos não concordar com alguma coisa, mas não devemos zangar connosco mesmo. Os governos têm obrigação e responsabilidade de servir a todos. Há diferenças, mas encontram-se consensos e atribuem-se responsabilidades para zelar pelo povo. Então algumas atitudes devem ser abandonadas”, afirmou.
Filipe Nyusi esteve esta quarta-feira na cidade de Nampula, onde inaugurou o Tribunal Superior de Recurso, uma iniciativa que, disse, tem como propósito assegurar maior e melhor acesso à justiça aproximando-a cada vez mais ao cidadão.
Segundo Nyusi, a iniciativa, que começou a ganhar corpo em 2020, abrange não apenas distritos, mas também visa criar condições adequadas e dignas aos cidadãos e aos operadores da Justiça.
“Esta iniciativa, a par de outras, concorre para um sistema eficiente, imparcial, íntegro, célere e inspirador da confiança do povo na aplicação da lei de forma igual para todos. Contudo, deve ser um sistema verdadeiramente moçambicano”, defendeu.
Neste contexto, rejeitou a narrativa das assimetrias regionais, apontando que os 51 edifícios inaugurados, de tipologias de um a três, estão espalhados um pouco por todo o país.
“A implementação da iniciativa resultou na edificação de 51 edifícios, estando 23 em construção, podemos concluir que a iniciativa permitiu disponibilizar 74 novos edifícios. Este número está muito acima da meta que era de 61, o que nos permite afirmar que o balanço que fazemos é bastante positivo e ninguém conseguirá desconstruir este edifício de realizações”, afirmou.
O Presidente fez menção à colaboração interinstitucional que permitiu que deixe esta iniciativa como um legado da sua governação.
“Colaboração profícua entre os órgãos do Estado para benefício do cidadão. Nós não ficamos em conflito entre o executivo e o judiciário. Colaboramos para resolver o problema do cidadão. Em conjunto com outras medidas estruturantes, esta iniciativa tem vindo a contribuir para o aumento da capacidade de resposta dos tribunais judiciais, solucionando as inquietações mais profundas do nosso povo”, ajuntou.
Na mesma ocasião, Nyusi lamentou a destruição de infra-estruturas úteis para o cidadão como hospitais e citou o caso do distrito de Mogovolas, na zona intermédia de Nampula, onde de forma recorrente, por causa da desinformação, o centro de saúde local foi vandalizado, incluindo o centro de tratamento de cólera.
Segundo Nyusi, estes factos provocaram a morte de pelo menos 50 pessoas, incluindo algumas envolvidas nos actos de vandalismo.
Nyusi apelou a população, particularmente da província de Nampula, para reencontrar-se e a não destruir as infra-estruturas que servem as comunidades.
(AIM)
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