
Nampula (Moçambique), 03 Jul (AIM) – O director provincial de Educação de Nampula, William Tunzine, defende que só um esforço coordenado, entre o sector e os pais, poderá contribuir para a erradicação de consumo de drogas por crianças e adolescentes.
Têm sido frequentemente reportados casos de alunos que, mesmo no recinto escolar e ou nas suas cercanias, consomem álcool e outras drogas, o que provoca a desestabilização e transtornos de nível físico e psíquico.
“Através do nosso sector de Assuntos Transversais, temos o registo de alguns casos e estamos a trabalhar com as direcções das escolas e os professores, mas há também a necessidade de trabalhar com os pais e encarregados de educação. Não podemos deixar toda a responsabilidade para o sector da educação. Nós podemos controlar o menino na altura em que estiver na sala de aulas, mas quando ele estiver fora, já não será possível. Portanto, vamos igualmente controlar através dos conselhos de escola”, assegurou.
Tunzine falava à imprensa no final da primeira reunião provincial de Planificação, que traçou estratégias e metas para o presente ano lectivo, que, em Nampula, conta com uma população estudantil de 2.062.327, sendo que 1.629,262 são alunos do ensino primário.
A província tem uma rede escolar de 2.483 estabelecimentos de ensino, entre primárias e secundárias,
Notória tem sido a presença massiva de vendedores de alimentos confeccionados e guloseimas nos portões das escolas, quer da zona urbana quer suburbana, o que provoca embaraço nos acessos e desconforto aos pais.
Tunzine, que confirmou este facto à AIM, manifestou-se preocupado, defendendo uma acção das autoridades municipais para a retirada dos vendedores
“Temos visto esta situação com muita preocupação, mas precisamos da colaboração das autoridades municipais para retirar os vendedores dos portões e áreas adjacentes às escolas.
Numa outra abordagem sobre o desempenho do sector, o responsável denota preocupação com o que se considera insucesso escolar.
“Tivemos cerca de 85 por cento de aproveitamento no ano passado, neste primeiro trimestre, andamos na ordem de 84. Não estamos mal, estamos bem, mas não é o ideal, não é aquilo que a população precisa. Portanto, ainda temos um desafio nesta parte pedagógica. Nossa meta é alcançar 100 por cento com qualidade. Queremos crianças que saibam ler, escrever, fazer cálculos, interpretar os fenómenos naturais, conheçam o país, que sejam patriotas, é isso que nós queremos para a educação”, detalhou.
Para Tunzine, os desafios para melhorar a qualidade de ensino são constantes, tais como a provisão de carteiras escolares e professores melhor preparados.
“São vários conteúdos e matérias que os nossos meninos devem conhecer. Temos desafios que devemos resolver para melhorarmos ainda mais a nossa qualidade de ensino. O primeiro desafio é de infra-estrutura, pois quase 40 por cento dos nossos alunos estudam em salas de aulas improvisadas. Quando há chuva e ventos, as nossas crianças não têm aulas”, reconheceu.
Sobre o desperdício, Tunzine considera que o do ano lectivo passado foi elevado, com mais de 70 mil alunos que não chegaram até o final.
“Temos desperdício escolar elevado. Em 2024, mais de 70 mil alunos não chegaram até ao final do ano, principalmente alunos da sexta classe e são vários os motivos, como a desistência da rapariga. Há um outro fenómeno, aqui na nossa província de Nampula, depois do 1 de Junho, há crianças que não aparecem mais na escola”, revelou
A província de Nampula, a mais populosa de Moçambique tem aproximadamente 6,7 milhões de habitantes, dos quais, 3,5 milhões são crianças do zero aos 17 anos e representam mais de 20 por cento da população do país nesta faixa etária.
(AIM)
Rosa Inguane (RI)/dt