
Nampula (Moçambique), 06 Jul (AIM) – As autoridades policiais na província de Nampula, norte de Moçambique, apresentaram à imprensa algumas dezenas de indivíduos detidos por envolvimento no tráfico e consumo de drogas diversas, nas últimas quatro semanas.
Parte dos apresentados actuam em alguns bairros da capital provincial, com incidência para Mutauanha, Muhaivire, Namicopo e Namutequeliua, usando mesmo os seus domicílios como locais para venda de drogas.
Actualmente, são recorrentes as denúncias de que os traficantes de droga, algumas pesadas como heroína e haxixe, fazem as incursões em escolas secundárias e até primárias, onde aliciam menores e adolescentes para a compra e consumo de estupefacientes.
Dados divulgados pelo governo referem que no primeiro semestre deste ano foram apreendidos 219,5 quilogramas de drogas diversas, em toda a província, sendo que 161 foram incinerados.
E, no mesmo período, 1.402 pessoas procuraram atendimento hospitalar, nas unidades sanitárias, contra 474 de igual horizonte de tempo do ano passado.
Em declarações recentes à imprensa, o director provincial de Educação, Wiliiam Tunzine, deixou um vigoroso apelo aos pais para um esforço conjunto no sentido de erradicar o tráfico e consumo de droga pelos seus educandos que frequentam escolas do ensino primário e secundário.
Foi sob este cenário que decorreu a quinzena, assinalando o 26 de Junho, dia internacional de combate às drogas, data instituída pelas Nações Unidas em 1987 e, tem por objectivo, consciencializar a população mundial a respeito dos problemas provocados pelas drogas aos consumidores e a sociedade em geral.
Neste sentido, o Secretário de Estado para Nampula, Plácido Pereira, não escondeu a sua preocupação face ao ambiente de tráfico e consumo de drogas, que na província está a escalar de forma assustadora.
“Preocupa-nos o fenómeno do consumo de drogas ilícitas, em alguns estabelecimentos de ensino, abrangendo pessoas de uma faixa etária que constitui a esperança da nossa sociedade. Nesta ocasião, lembramos a necessidade de combater os problemas que as drogas ilícitas representam para a sociedade, reconhecendo o grande obstáculo que elas criam para o desenvolvimento e para o crescimento normal das crianças, jovens e adolescentes”, afirmou.
A localização geográfica da província de Nampula, com uma extensa costa do oceano Índico, foi descrita, pelo governante, como um factor aproveitado pelos traficantes que a tornaram propensa para o estabelecimento de corredores para o tráfico e consumo de drogas ilícitas.
“Preocupam-nos os indicadores dos distritos de Nacala-Velha, Nacala-Porto, Mossuril, Ilha de Moçambique, Nampula e Mogincual, para onde devemos concentrar as nossas atenções, com vista a estancar o fenómeno, bem como a redução do número de usuários de drogas”.
Segundo Pereira, os traficantes de drogas, buscam rotas onde acham fragilidades de fiscalização, controle e responsabilização, por isso considera ser pertinente um compromisso colectivo para o seu combate num trabalho coordenado e multissectorial, com o envolvimento de instituições públicas ou privadas, sociedade civil e as lideranças comunitárias e religiosas.
“A criminalidade relacionada com o tráfico e consumo de drogas, aprofunda e aproveita as vulnerabilidades e a instabilidade. A droga ilícita, ao entrar para as nossas comunidades e ao ser consumida, coloca em risco a vida dos consumidores, suas famílias e da sociedade no geral, causando problemas de saúde, desde os problemas físicos, psicológicos, bem como a propagação de doenças, como o HIV/SIDA e outras doenças infeciosas”, concluiu.
A quinzena em referência decorreu sob o lema: “A evidência é clara; vamos investir na prevenção do consumo e tráfico de drogas”.
(AIM)
Rosa Inguane/dt