Porto de Maputo/ Mozambique
Maputo, 19 Ago (AIM) – Moçambique mantém-se como o maior parceiro comercial da África do Sul na região e no continente, registando um volume de negócios superior a dois mil milhões de dólares norte-americanos por ano.
A relação é impulsionada pela proximidade geográfica, laços históricos e interesses económicos mútuos, consolidando uma parceria dinâmica e estratégica.
A composição dos fluxos comerciais revela o peso de produtos-chave. Do lado das exportações moçambicanas para a África do Sul destacam-se o alumínio da Mozal, que representa 40 por cento do total exportado, a energia elétrica de Cahora Bassa, bem como produtos agrícolas (algodão, açúcar e tabaco) e minerais como titânio e gemas.
Em contrapartida, as principais importações de Moçambique, vindas da África do Sul, incluem veículos e equipamentos de transporte com peso de 20 por cento, alimentos processados, equipamentos elétricos, maquinaria agrícola e de construção, além de químicos e medicamentos genéricos.
Os dados foram partilhados pelo Encarregado de Negócios da África do Sul em Moçambique, Puleng Chaba, em entrevista à AIM.
“Entre 1.700 e 2.000 camiões cruzam diariamente a fronteira com Moçambique, trazendo todo tipo de mercadoria. Às vezes é alumínio, cromo, outras vezes produtos agrícolas. Nós suprimos muitas commodities para a economia moçambicana e algumas destas seguem em trânsito para outros destinos”, disse Chaba.
Segundo o diplomata, a África do Sul é o maior parceiro comercial de Moçambique na região, enquanto o país está entre os principais destinos africanos do comércio sul-africano.
Em termos globais, o volume de trocas posiciona a África do Sul logo atrás da China e da Índia, que movimentam respetivamente mais de cinco (05) e quatro (04) mil milhões de dólares em comércio bilateral com Moçambique.
“Estamos apenas atrás da China e da Índia em termos de comércio bilateral com Moçambique”, frisou Chaba.
Dados do Alto Comissariado da África do Sul em Maputo são confirmados pela plataforma ‘Mozambique Expert’, que indica que as exportações moçambicanas para a África do Sul ultrapassam um (01) mil milhão de dólares (18,3% do total nacional), enquanto as importações de bens sul-africanos atingem também valores acima de um (01) mil milhão (15,6% das importações totais do país).
Os vínculos económicos entre os dois países foram moldados ao longo das décadas por factores históricos, pressões económicas, políticas públicas e ligações sociais. Nos anos 1970, a África do Sul já figurava como o segundo maior parceiro comercial de Moçambique, apenas atrás de Portugal, então potência colonizadora.
O comércio sempre se centrou em exportações moçambicanas tradicionais, como camarão e derivados de petróleo, enquanto a África do Sul fornecia equipamentos, matérias-primas, bens de consumo e maquinaria para sustentar a industrialização moçambicana.
Hoje, a aposta está na diversificação do investimento, na atração de investimento direto estrangeiro e na criação de ligações sólidas entre empresas nacionais e estrangeiras.
Puleng Chaba sublinhou que mais de 300 empresas sul-africanas operam actualmente em Moçambique, em sectores como energia, agricultura, comércio e serviços financeiros.
“Estamos a demonstrar inovações nas áreas de fabrico, finanças e tecnologias verdes. Não estamos apenas em Moçambique para realizar negócios, mas para construir relações que melhorem a vida das comunidades e impulsionem o crescimento inclusivo”, destacou.
O diplomata acrescentou que o seu país está empenhado em criar cadeias regionais de valor que apoiem produtores e exportadores locais, com foco nas micro, pequenas e médias empresas detidas por jovens, consideradas o coração das economias de ambos os países.
A aposta passa ainda por investir em indústrias sustentáveis e expandir a cooperação em áreas-chave, como infraestruturas, sempre em coordenação com a Câmara de Comércio Sul-Africana, visando alcançar um desenvolvimento sustentável que beneficie igualmente Moçambique e África do Sul.
(AIM)
PC/mz
