
Barco de resgate. Foto arquivo
Maputo, 12 Set (AIM) – As autoridades moçambicanas advertem que cerca de 400 mil a 600 mil poderão de necessitar de assistência humanitária durante a presente época chuvosa 2025/2026.
Além dos impactos esperados na agricultura, com cerca de quatro milhões de hectares de terras em risco, o sector social também poderá ser severamente afectado. Estima-se que até quatro milhões de pessoas se encontrem em áreas de risco. .
O abastecimento de água poderá igualmente ser condicionado, uma vez que cerca de 120 sistemas estão identificados como vulneráveis a inundações. Os sectores da educação e da saúde também poderão ser atingidos, com mais de quatro mil escolas e 500 quinhentas unidades sanitárias em risco de impacto directo.
De acordo com o titular da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), Agostinho Vilanculos, o cenário coloca em evidência bacias hidrográficas críticas, como as do Maputo, Umbelúzi, Incomáti, Limpopo, Savane, Púnguè e Licungo.
“O risco de cheias é elevado, sobretudo no primeiro período, em Outubro, Novembro e Dezembro, com maior incidência no sul do país. Já entre Janeiro e Março de 2026, quando os solos estiverem saturados e as barragens praticamente cheias, prevemos a ocorrência de cheias de grande magnitude nestas bacias”, declarou Vilanculos, à margem do 12º Fórum Nacional sobre Previsão Climática, realizado esta sexta-feira (11), em Maputo.
Mocambique poderá registar cheias e inundações de grande magnitude durante a época chuvosa 2025/2026, apresentando-se acima do normal e com risco potencialmente maior em relação à época 2024/2025, embora intercaladas com períodos secos intercalados.
Vale lembrar que, em 2024/2025, os escoamentos nas principais bacias hidrográficas registaram níveis normais a ligeiramente acima do normal. No entanto, a nova época deverá ser marcada por maiores volumes de precipitação e consequente elevação dos riscos.
Segundo Vilanculos, as barragens a montante, localizadas nos países vizinhos, encontram-se já próximas da capacidade máxima. Esse facto poderá agravar o risco de escoamentos significativos para Moçambique, caso se registem chuvas intensas na região.
Por sua vez, o climatologista no Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) de Moçambique, Isaías Raiva, explicou que a época chuvosa 2025/2026 será caracterizada por irregularidade na distribuição das chuvas, sobretudo na região norte, com destaque para a faixa costeira de Cabo Delgado.
No primeiro período, entre Outubro e Dezembro de 2025, as chuvas deverão concentrar-se no sul do país, enquanto de Janeiro a Março de 2026 terão uma abrangência nacional, estendendo-se ao centro, norte e grande parte do sul. Contudo, deverão ocorrer períodos secos intercalados.
Raiva acrescentou que a previsão de ciclones será elaborada em Novembro, uma vez que, até ao momento, as águas do oceano Índico permanecem ligeiramente arrefecidas, condição que não favorece a formação destes fenómenos. Ainda assim, recordou que a época ciclónica decorre climatologicamente entre Novembro e Abril.
O climatologista destacou ainda que Moçambique já dispõe de capacidade interna para produzir previsões meteorológicas nacionais, sem depender exclusivamente da região da SADC. “Já tínhamos a nossa previsão concluída desde o final de Agosto, antes mesmo da reunião regional da SADC”, disse.
Para concluir, referiu que todos os fenómenos meteorológicos extremos, incluindo tempestades tropicais, podem criar instabilidade e desestabilizar a vida humana, mesmo quando se formam no oceano.
(AIM)
NL/sg