
Maputo, 05 Out (AIM) – A Petromoc Marine, empresa especializada no abastecimento de combustíveis no alto mar, manifesta grande expectativa em relação à iminente retoma da TotalEnergies na Área 1 da Bacia do Rovuma, através do projecto Mozambique LNG, orçado em 20 mil milhões de dólares.
A companhia considera que o fornecimento de combustíveis é crucial para todas as fases dos megaprojectos de gás natural em curso no país, desde a pesquisa inicial à produção.
“Estamos expectantes com a iminente retoma da TotalEnergies, porque Moçambique precisa de escala para se tornar um player global de gás. É essencial que haja vários projectos a trabalhar em simultâneo”, afirmou Nuno Grade, director-geral da Petromoc Marine em entrevista a AIM.
Criada em 2016, a Petromoc Marine é uma joint venture entre a trading internacional Augusta Energy e a Petromoc SA, maior distribuidora de combustíveis em Moçambique. Desde então, tem desempenhado um papel estratégico nos maiores empreendimentos de exploração e produção de gás do país, incluindo o Coral Sul FLNG da multinacional italiana Eni, a quem fornece combustível para todas as fases do projecto, desde os estudos geofísicos até à actual fase de extracção.
A empresa fornece gasóleo marítimo a navios de perfuração, plataformas, embarcações de apoio logístico (PSVs) e até geradores usados nas operações de exportação de gás. “O combustível é vital para manter todas as operações em funcionamento. Na fase inicial de construção, o consumo é muito maior, mas mesmo agora continua a ser imprescindível”, sublinhou.
A Petromoc Marine participou igualmente na primeira fase de construção da base logística de Afungi, em Palma, antes da suspensão decretada pela TotalEnergies em 2021 devido à instabilidade em Cabo Delgado.
Para a empresa, cada novo avanço nos projectos de gás traduz-se em oportunidades de expansão. “Se houver 10 projectos em operação, poderemos ter não apenas um, mas seis navios dedicados ao abastecimento em Moçambique”, adiantou Grade.
Paradoxalmente as expectativas da Petromoc Marine, a iminente retoma das actividades da TotalEnergies em Palma, está a gerar apreensão entre empresários locais e comunidades, que receiam perder oportunidades de emprego e de negócios devido à nova estratégia de operação da companhia.
De acordo com as reclamações dos empresários locais, a petrolífera francesa pretende adoptar um modelo de “confinement”, no qual os abastecimentos de materiais serão feitos exclusivamente por via marítima e o movimento de pessoas restrito ao transporte aéreo. Esta abordagem, segundo operadores locais, fecha as portas à integração da vila de Palma no fornecimento de serviços e produtos ao megaprojecto.
“Esta mudança de estratégia é um passo atrás que compromete a licença social do projecto.”, afirmou um empresário local, lembrando que, desde os tempos da Anadarko, foram feitas promessas de apoio ao desenvolvimento que agora parecem estar a ser ignoradas.
Actualmente, algumas pequenas empresas de Palma garantem serviços de catering, transporte e manutenção ligados a prestadores que operam em Afungi. Contudo, caso a TotalEnergies avance com o regime anunciado, dezenas de postos de trabalho estarão em risco.
“O nosso projecto empregaria 150 pessoas directamente. Neste momento temos 70. Se a Total operar nestes moldes, teremos de encerrar, deixando não só estes trabalhadores desempregados, mas também pelo menos cinco empresas locais sem actividade”, alertou a mesma fonte.
A expectativa é de que a TotalEnergies reveja a sua estratégia e encontre formas de incluir Palma, de modo a assegurar não apenas a viabilidade económica do LNG, mas também a aceitação social que permitirá garanir estabilidade a longo prazo.
(AIM)
Paulino Checo/ sg