
Agricultura, campo de milho. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 07 Out (AIM) – O antigo ministro moçambicano da Agricultura, Joaquim de Carvalho, defende o reforço de apoio técnico concedido aos pequenos agricultores como forma de impulsionar a produção agrícola e garantir a segurança alimentar no país.
Falando esta terça-feira (07), em Maputo, durante a conferência anual do Observatório do Meio Rural (OMR) subordinada ao tema “50 anos de Independência”, Carvalho afirmou que Moçambique possui condições excelentes para produzir o suficiente para sustentar a sua população, sublinhando a importância da assistência técnica e da disponibilização de sementes de qualidade para aumentar a produtividade.
“Na minha opinião, o grande problema que temos é que a produção feita pelos pequenos agricultores, os camponeses, não têm apoio absolutamente nenhum. Não há um apoio técnico. E aqui no OMR sabe-se que, para isso, é preciso fornecer sementes de qualidade, os pequenos agricultores devem ser acompanhados, etc. Uma série de condições para levar os agricultores a produzirem mais”, afirmou.
O antigo governante destacou que os pequenos produtores enfrentam inúmeros desafios no exercício das suas actividades, razão pela qual considera essencial a adopção de medidas sustentáveis e coordenadas que possam fortalecer o sector agrícola e promover a auto-suficiência alimentar.
“Entretanto, do ponto de vista da agricultura, que penso que é a parte que mais interessa neste encontro, eu penso que devemos também analisar e discutir aqui, durante estes dias, porque é que a nossa agricultura, em vez de avançar, não avança como se podia”, observou.
Carvalho considerou que o país tem potencial para atingir níveis mais elevados de produção, sendo necessário consolidar o trabalho já desenvolvido e aperfeiçoar os mecanismos de apoio aos produtores, particularmente aos de pequena escala.
Vale lembrar que um dos maiores problemas que Moçambique enfrenta é o baixo rendimento por hectare que, em média, situa-se em 2-3 toneladas, quando muitos países vizinhos chegam a atingir 8-10 toneladas.
Por sua vez, a directora não-executiva do OMR, Uacitissa Mandamule, defende que os desafios do meio rural urge acções coordenadas e articuladas, envolvendo todos os actores, incluindo o governo, as associações e os próprios camponeses.
“Estamos a falar tanto do governo, das associações ligadas ao meio rural, que trabalham junto aos camponeses, mas também dos próprios camponeses. Há uma tendência de considerar que os agricultores não têm conhecimento, mas existe um conhecimento ecológico tradicional que deve ser valorizado e utilizado como parte da solução para os problemas que enfrentam”, sublinhou.
(AIM)
SNN/sg