
Maputo, 11 Out (AIM) – O Governo moçambicano reforçou a importância do planeamento e da gestão sustentável do território marinho, destacando instrumentos como a Política e Estratégia do Mar e o Plano de Ordenamento Marítimo como pilares essenciais para garantir a sustentabilidade ambiental e socioeconómica do país.
A informação foi partilhada este sábado (11), em Maputo, pela Directora Nacional dos Assuntos do Mar, Felizmina Antina, durante o programa radiofónico Linha Directa, da Rádio Moçambique (RM).
Segundo Antina, o país possui cerca de 2.500 quilómetros de costa, onde reside aproximadamente 95 por cento da população costeira. Contudo, as espécies marinhas enfrentam desafios significativos, nomeadamente a poluição, a sobre-exploração dos recursos e os efeitos das alterações climáticas.
“Para fazer face a tais problemas, o Governo implementou instrumentos estratégicos como a Política e Estratégia do Mar, o Plano de Ordenamento Marítimo e a Estratégia da Economia Azul, aprovada em Julho de 2024”, afirmou Antina.
A dirigente sublinhou que é “fundamental manter o mar vivo, preservando a vida subaquática”, destacando que estes planos definem zonas específicas para cada actividade, assegurando o uso sustentável dos recursos, incluindo mangais, recifes de corais e habitats pesqueiros essenciais.
Acrescentou ainda que os distritos e municípios costeiros têm delegação de poderes para fiscalizar e garantir a utilização racional dos ecossistemas marinhos.
Por sua vez, a Directora Executiva do Fundo de Biodiversidade de Moçambique (BioFund), Alexandra Jorge, garantiu que a organização apoia o Governo na promoção da conservação marinha e no envolvimento das comunidades e jovens na preservação ambiental.
“Temos promovido projectos de restauro de mangais e recifes de corais, envolvendo directamente as comunidades locais. É reconfortante quando, após um ciclone, a população já sabe onde plantar mangais para proteger o território. Isso demonstra que a consciência ambiental está a crescer”, referiu.
Jorge sublinhou ainda que a educação ambiental e o engajamento comunitário são essenciais para assegurar que os recursos marinhos continuem a fornecer proteína e meios de subsistência às populações costeiras.
Segundo a responsável, as iniciativas da BioFund também reforçam a coordenação entre sectores públicos, privados e académicos, garantindo que a gestão da biodiversidade seja inclusiva e baseada em dados científicos.
No mesmo contexto, académicos moçambicanos destacaram o papel da investigação científica na preservação da biodiversidade marinha.
O docente da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e curador do Herbário da instituição, Salomão Bandeira, enfatizou a importância de monitorizar os ecossistemas costeiros, como mangais e recifes de corais, que abrigam grande parte da vida marinha e servem de habitat para mariscos.
“Quando esta região não é saudável, toda a cadeia alimentar e a subsistência das comunidades costeiras ficam comprometidas. Precisamos de estratégias claras, baseadas em investigação rigorosa, para preservar estes ecossistemas”, afirmou.
O docente da Universidade Licungo (UniLicungo), José Basílio, destacou o papel da academia na formação de jovens investigadores e na promoção de soluções sustentáveis.
“Nos mestrados em gestão ambiental, orientamos as pesquisas para compreender como os nossos ecossistemas funcionam e como as comunidades podem interagir de forma equilibrada com eles. O envolvimento directo dos estudantes no trabalho de campo é crucial para alcançarmos resultados concretos”, explicou.
Já a docente Isabel Marques da Silva, da Universidade Lúrio (UniLúrio) e directora do Centro de Investigação em Conservação Ambiental (CICA), destacou os projectos de restauração de mangais e recifes de corais em parceria com as comunidades.
“É encorajador observar que, após um ciclone, as populações sabem onde plantar mangais para proteger o território. Isso demonstra que a educação ambiental está a criar consciência e um compromisso real com a conservação”, sublinhou.
Os académicos alertaram ainda que a maior parte da proteína consumida pelos moçambicanos provém do mar, o que reforça a necessidade de preservar os recursos marinhos para garantir a segurança alimentar e promover uma abordagem integrada entre ciência, políticas públicas e participação comunitária.
(AIM)
NL/PC