Maputo, 26 Mar (AIM) – A marinha de guerra de Moçambique está a realizar exercícios militares, desde a passada quinta-feira, ao largo da costa sudeste de África em conjunto com a Tanzânia e a Índia, com vista a reforçar a segurança contra incursões de piratas.
O Exercício Tri-Lateral (Trilat), segundo a plataforma sul-africana DefenceWeb, termina na sexta-feira, e envolve dois navios da marinha indiana, o navio de treino de cadetes INS Tir (A86) e o navio-patrulha da classe Sukanya INS Sujata (P56).
O exercício surge após o sequestro, ocorrido terça-feira da semana passada, de um navio mercante baptizado “Abdullah”, que zarpou da capital moçambicana, Maputo, com destino para a cidade de Al Hamriyah, nos Emirados Árabes Unidos, transportando 58.000 toneladas de carvão.
A primeira edição do exercício IMT Trilat foi realizada em Outubro de 2022, com a participação da fragata INS Tarkash (F50) em exercício com as Marinhas de guerra da Tanzânia e Moçambique.
A actual edição do exercício consiste em duas fases. No âmbito da fase portuária, agendada de 21 a 24 de Março, os navios Tir e Sujata interagiram com as respectivas Marinhas nos portos de Zanzibar (Tanzânia) e Maputo (Moçambique).
Esta fase começou com uma Conferência de Planificação, seguida de actividades de treino portuário conjuntas, tais como controlo de avarias, combate a incêndios, operações de busca e captura, palestras médicas, evacuação de feridos e operações de mergulho.
A fase marítima do exercício, actualmente em curso e que decorre até 27 de Março, abrange aspectos práticos da luta contra ameaças assimétricas, procedimentos de busca e apreensão, manuseamento de embarcações, manobras e exercícios de tiro.
Durante a fase marítima, está incluída uma vigilância conjunta da zona económica exclusiva (ZEE). O exercício terminará com uma reunião de balanço conjunta agendada para o Porto de Nacala, em Moçambique.
Durante a estadia no porto, os navios da Marinha indiana estiveram abertos a visitantes e as tripulações participaram em intercâmbios desportivos e culturais com as marinhas anfitriãs.
A Marinha Indiana disse que estas actividades sublinham o alcance da Índia para promover relações amigáveis através da cooperação marítima, alinhando-se com a visão marítima do Primeiro-Ministro Narendra Modi.
Nos últimos meses, a Marinha indiana tem estado muito activa ao largo da costa nordeste de África. Desde que o conflito entre Israel e o Hamas se alastrou para o domínio marítimo, com as forças Houthi a atacarem a navegação ao largo do Iémen em solidariedade com a Palestina, a Índia reforçou o âmbito das suas operações de segurança marítima.
A marinha tomou medidas proactivas durante o sequestro do graneleiro MV Ruen, de bandeira maltesa, em 14 de Dezembro de 2023. Segundo a Marinha indiana, o dia 23 de Março marcou a conclusão de 100 dias de operações de segurança marítima em curso. Durante este período, a Marinha indiana respondeu a 18 incidentes na região do Oceano Índico.
Entre eles, uma operação que durou cerca de 40 horas, culminando com a recuperação do navio MV Ruen dos piratas somalis pela Marinha indiana, o resgate dos 17 tripulantes a bordo e a detenção de duas dúzias de piratas no dia 16 de Março.
A marinha indiana tem uma presença considerável na região do Mar Vermelho, com uma dúzia de navios de guerra destacados para garantir a segurança contra os piratas, numa altura em que as potências ocidentais se concentram nos ataques dos Houthis do Iémen.
Em Janeiro, a Marinha indiana impediu dois sequestros por piratas somalis no espaço de poucos dias. No dia 29 de Janeiro, o navio de pesca Al Naeemi e a sua tripulação (19 cidadãos paquistaneses) foram resgatados pelos indianos de 11 piratas somalis, depois de o navio de pesca com pavilhão iraniano ter sido abordado e a sua tripulação feita refém.
(AIM)
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