
Nampula (Moçambique), 28 Mai (AIM) – Pouco mais de duas centenas de mulheres representando diferentes áreas, como movimento associativo agrícola rural, sector informal, instituições de crédito e autoridades estatais, discutiram, nesta quarta-feira, na capital provincial de Nampula, no norte de Moçambique, os desafios e alternativas para a sustentabilidade económica e financeira deste grupo social.
A acção, que resultou da parceria entre o governo provincial e a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), levou a discussão de matérias que dominam o quotidiano da mulher em Nampula, como sejam o desemprego, limitações para formalização das suas actividades, deficiente sustentabilidade dos negócios, situação agravada não só pela passagem de eventos climáticos extremos bem como as tensões pós-eleitorais em finais do ano passado.
A antiga ministra da Saúde, Nazira Abdula, esposa do actual governador da província de Nampula, Eduardo Abdula, convidada ao evento, partilhou que, pela sua condição, a mulher continua a enfrentar desafios no que diz respeito a igualdade de oportunidades no mercado do trabalho, acesso ao crédito, formação e a participação nos diversos processos de tomada de decisão.
“Chegou o momento da acção, nós sabemos de todas estas barreiras, por isso promover a igualdade, não é apenas uma questão de justiça social, mas uma estratégia inteligente para o progresso regulativo. É fundamental que quando uma mulher tem acesso equitativo de oportunidades, recursos e representação na economia, não apenas transforma a sua própria vida em casa, mas também inspira as outras mulheres e opciona o desenvolvimento económico e social das comunidades e do país”, afirmou.
Abdula expressou o desejo de que oportunidades deste tipo sejam momentos, também, de construção de redes de solidariedade e acção entre mulheres.
O director de programas do FDC, Adelino Chirindza, destacou a importância que a sua organização dedica aos assuntos femininos, pois a mulher desempenha um papel preponderante, com destaque na economia familiar e, que, este tipo de iniciativa é um espaço de diálogo e consensos para que as barreiras que tem a ver com masculinidade nociva e a subjugação desta camada social sejam removidas.
Adiantou que está em preparação uma conferencia nacional da mulher com o patrocínio do FDC, por isso, a necessidade de estimular a discussão sobre a participação feminina na economia como porta para a sua afirmação, autonomia e gozo pleno dos seus direitos.
“A FDC institucionalizou estas conferências, porque dentro daquilo que é a sua missão e visão, conseguimos notar que o papel da mulher é muito importante para o desenvolvimento das comunidades. A FDC acredita que as comunidades podem guiar os seus próprios processos de desenvolvimento. E quando olhamos para a perspectiva do nosso país chegamos a conclusão que a mulher tem um papel muito importante”, assinalou.
Recordando constatações anteriores, Chirindza anotou não existirem dúvidas do papel relevante da mulher na economia informal.
“Se formos aos mercados, vamos ver que a maior parte das pessoas que movimentam grandes somas de dinheiro nesses locais são mulheres, nas associações de agricultores, grupos de poupanças, de crédito rotativo, vulgo xitique, são mulheres. E a experiência manda-nos dizer que colocar a mesma quantidade de dinheiro nas mãos de uma mulher tem um efeito multiplicador muito maior do que colocar nas mãos de um homem” disse Chirindza.
“Quando a economia familiar é exercida por uma mulher, os resultados são tangíveis, a família prospera. Então, a saúde é boa, mas precisamos de sistematizar isto”, concluiu.
A conferência Mulheres na Economia, na província de Nampula, decorreu sob o lema: “Forjando caminhos e alternativas para a autonomia e resiliência económica das mulheres.”
(AIM)
Rosa Inguane/dt