
Impacto da poluição causada pela mineração nos rios da província de Manica, em Moçambique
Chimoio (Moçambique) 11 Set (AIM) – A governadora da província de Manica, centro de Moçambique, Francisca Tomás, afirma que já foi elaborada uma proposta para a paralisação de toda a actividade de exploração de ouro e enviada ao Ministério do Recurso Minerais e Energia (MIREME) aguardando pela decisão final.
“A poluição dos rios é grave porque atenta contra o ambiente e a saúde pública. A decisão da província é mesmo paralisar toda a actividade mineira nesta parcela do país por um período indeterminado. É assim que propomos. Mas não cabe apenas a nós tomar essa decisão. Fizemos a proposta e aguardamos pela anuência do MIREME”, disse Francisca Tomás, manhã desta quinta-feira (11), num breve contacto mantido com a AIM.
Enquanto isso, a governante pede o apoio de todas as estruturas relevantes para travar este mal que coloca em perigo o ambiente e a saúde pública.
“Vemos rios lamacentos, águas poluídas afectando o ambiente e a saúde pública. Portanto, vamos juntar esforços para combatermos este mal.”
Disse que a sensibilização e consciencialização das empresas, associação de garimpeiros e outros intervenientes na exploração do ouro deve ser a primeira medida a ser tomada para travar da actividade e salvaguardar o ambiente e a saúde pública.
“A nossa medida é mesmo paralisar todas as actividades por um período indeterminado para podermos nos organizar melhor para uma exploração racional dos recursos minerais sem prejudicar o meio ambiente e a vida da população” referiu Francisca Tomás.
Lembrou aos líderes comunitários que eles são os primeiros fiscais nesta acção de exploração dos recursos para controlo da situação da poluição nos rios.
O diálogo, no entender de Francisca Tomás, deve ser fundamental na mobilização dos garimpeiros para controlar o assoreamento e a poluição das águas dos rios.
“O que se pretende é que se faça uma exploração sustentável e deixar que os leitos dos rios tenham água limpa e a população consuma água potável” disse a governante.
O que se tem verificado, segundo Francisca Tomás, é um perigo da saúde pública. O mercúrio e o cianeto usado na exploração do ouro são arrastados para as águas dos rios e colocam em risco o ambiente e saúde humana.
“Queremos o vosso apoio como líderes comunitários. Vocês têm todo o poder de comunicação com as comunidades. Portanto, estejam connosco nesta tarefa que tem como objectivo acabar com a poluição dos rios”, disse.
Na província de Manica, os rios Révuè Chicamba, Púnguè e outros cursos de água estão poluídas devido a actividade de garimpo.
As águas do rio Révuè que vão desaguar na Albufeira de Chicamba estão turvas e assoreados.
Estudos feitos por algumas instituições de ensino superior, particularmente a Universidade Púnguè (UNIPUNGUE) indicam que as águas da albufeira de Chicamba, consumida nas cidades de Chimoio, Manica, Gondola, Messica e em outros povoados estão altamente contaminadas com mercúrio e cianeto por causa do garimpo.
Por isso, o governo defende a paralisação da actividade de garimpo em toda a província de Manica.
A paralisação poderá ser por um pedido indeterminado para permitir uma melhor organização para uma exploração racional dos recursos minerais.
(AIM)
Nestor Magado (NM) /sg