Avião da companhia Linhas Aéreas de Moçambique. Foto arquivo
Maputo, 13 Nov (AIM) – As Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), companhia de bandeira nacional, vai despedir pelo menos 80 trabalhadores excedentários, como parte de reestruturação.
O facto foi anunciado pelo ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, que falava na sessão de “Perguntas ao Governo”, na Assembleia da República (AR) o parlamento do país, evento que teve lugar hoje (13) em Maputo.
Matlombe, que respondia perguntas dos deputados da AR, afirmou que o remanescente dos trabalhadores da LAM vai ser ajustado de forma faseada.
“A reestruturação da LAM assenta também na valorização e racionalização dos recursos humanos; por isso, foi realizada a avaliação da força de trabalho, que identificou um excesso de colaboradores”, disse.
Nos últimos 10 anos, a LAM foi abalada por uma crise financeira envolvendo corrupção praticada por gestores seniores da empresa, durante a contratação de serviços.
A empresa acumulou uma dívida com fornecedores calculada em mais de 230 milhões de dólares, como resultado de desfalques.
Durante o último ano, a LAM esteve sob a gestão da empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA) contratada pelo governo numa tentativa de tornar a empresa rentável e salvar a companhia da falência.
De acordo com o ministro, a dispensa dos trabalhadores excedentes ajudará a empresa a conter despesas desnecessárias e a redireccioná-las para outras prioridades.
Os trabalhadores restantes serão realocados, afirmou Matlombe.
“Também fecharemos lojas desnecessárias, terciarizaremos o atendimento ao cliente e outros serviços. Pretendemos ainda introduzir um sistema de contabilidade integrado que reformulará as participações da LAM em diversas empresas, incluindo o encerramento ou a saída de participações não estratégicas”, disse.
Todas as compensações, de acordo com o governante, seguem estritamente a Lei do Trabalho, e asseguram o pagamento de pré-aviso, indemnização, férias, 13º mês, e um mês adicional de compensação, facto que garante “a transparência e dignidade de todo o processo”.
Relativamente às actuais tarifas da LAM, Matlombe disse que reflectem uma estrutura de custos ainda elevada, condicionada pelo excesso de pessoal, custos altos de leasing, dependência da importação de combustível.
“O governo está a racionalizar custos, optimizar rotas e renovar a frota, com o objectivo de tornar as tarifas progressivamente mais acessíveis, sem comprometer a sustentabilidade da empresa”, vincou, tendo sublinhado de seguida que os cidadãos não podem pagar pela ineficiência da empresa.
Sobre o uso predominante da língua inglesa em alguns voos da LAM, Matlombe explicou que resulta de contratos de leasing com tripulações estrangeiras, conforme as normas internacionais.
“Estamos, contudo, a reverter gradualmente este cenário, com a introdução de aeronaves em dry lease, a tripulação passará a ser essencialmente nacional, retomando-se o uso pleno do português”, disse, tendo acrescentado que o Executivo decidiu que cada voo conte com um membro da LAM, como forma de garantir a comunicação e assistência aos passageiros em língua portuguesa.
A sessão de “Perguntas ao Governo” continua próxima sexta-feira (14).
(AIM)
Ac /sg
