
O Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane, afirma que os países membros da Commonwealth acordaram sobre a necessidade de disponibilizar, em tempo útil, o apoio prestado a Moçambique no combate ao terrorismo, de modo a maximizar a sua eficácia.
Falando no início da noite de domingo a jornalistas em Kigali, no Ruanda, após o encerramento da 26ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Commonwealth, Maleiane disse que a Commonwealth também sublinhou a importância de combater este mal numa escala global. “Termos uma abordagem integrada de como atacar o terrorismo”.
Explicou que alguns membros acreditam que é possível particularizar o caso de Cabo Delgado, mas que urge apoiar igualmente todos os países membros que enfrentam o mesmo problema.
“Eu acho que foi importante a referência, a preocupação e solidariedade demonstrada para connosco por causa do assunto de Cabo Delgado”, referiu.
Desde Outubro de 2017 que alguns distritos localizados a norte da província de Cabo Delgado são alvos de ataques terroristas que já provocaram a morte de mais de 2.500 pessoas.
Os ataques, marcados por várias atrocidades e barbaridades, incluindo a decapitação de civis inocentes, forçaram mais de 850 mil cidadãos a abandonar as suas zonas de origem e procurar locais mais seguros e, deste modo, desencadeando uma crise humanitária.
Ainda sobre conflitos, Maleiane disse que a cimeira, de dois dias, reforçou a ideia que a paz e estabilidade são condições indispensáveis para garantir um desenvolvimento e crescimento económico sustentável. Citou como exemplo, o conflito militar Rússia/Ucrânia que provocou uma subida drástica dos preços de combustíveis, cereais e fertilizantes no mundo inteiro.
“Toda esta questão logística e comércio externo foi objecto de análise e foi acordado que é preciso criar todas as condições necessárias para a recuperação económica e resiliência ou mitigação a este tipo de fenómenos globais”.
Questionado sobre como conter em Moçambique a crise de preços provocada pela guerra na Ucrânia, o Primeiro-Ministro disse que as consequências diferem e cada país têm de encontrar soluções que melhor se adequam a sua situação.
“É um problema que provoca desorganização no comércio internacional, os custos de transportes ficam caros, os preços dos produtos alimentares sobem. Por isso, cada país tem de encontrar um mecanismo para mitigar esses efeitos”, disse.
“Mas, a melhor solução é não haver guerras”, frisou.
Os participantes também abordaram o impacto da Covid-19 nas economias dos países membros, a recondução do secretariado-geral da organização, entre outros que marcaram o evento.
Segundo o Primeiro-Ministro, há também questões de índole administrativa que foram analisadas como o funcionamento do secretariado, e capacidade financeira da organização.
A Cimeira ordinária verificou ainda as áreas que merecem uma atenção particular dentro dos princípios defendidos pela organização como a paz e democracia, funcionamento das instituições públicas, desenvolvimento económico e social, envolvimento da juventude, empoderamento da mulher, entre outras.
Durante a Cimeira, Maleiane participou em vários painéis, incluindo diálogo intergeracional, e três retiros onde foram abordados temas candentes da organização e globais.
Moçambique é membro da Commonwealth desde 1995. A organização anglófona congrega, até agora, 54 membros.
Ainda na noite de sábado, o Primeiro-Ministro participou, nas celebrações do 47º aniversário da independência de Moçambique, evento, que teve lugar no Alto-Comissariado de Moçambique em Kigali, e contou com a presença da comunidade moçambicana residente no Ruanda, entre outros convidados.