Maputo, 21 Nov (AIM) – Os deslocados internos vítimas de terrorismo na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, estão cansados da ociosidade e dependência de ajuda humanitária e, por isso, pedem instrumentos de trabalho para garantir o seu próprio sustento.
A preocupação dos deslocados foi expresso pela relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Paula Gaviria, em conferência de imprensa havida na tarde desta terça-feira (21) em Maputo.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) através da relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Paula Betancur, que se encontra em Moçambique, anunciou esta terça-feira,
De acordo com a fonte, a escolha de Moçambique para avaliar os fenómenos associadas ao terrorismo, ciclones, inundações e outros males deve-se ao facto de haver vontade política por parte do Executivo moçambicano, em responder a essas crises.
“Avaliei que valia a pena vir a Moçambique, porque vi que há oportunidades para melhorar e ajustar a resposta que o governo e outros actores estão a dar a essas crises”.
O relatório preliminar da ONU, divulgado hoje na capital moçambicana, indica que um dos principais objectivos da visita a Moçambique era perceber se os deslocados internos estão a usufruir os seus direitos, riscos relacionados a sua protecção e trazer a esta resposta, uma visão sobre a possibilidade de as pessoas recuperarem os seus meios de sustento.
“Como sabem, o maior impacto do deslocamento interno das pessoas são os efeitos adversos ao clima, ou seja os impactos dos desastres naturais e ciclones. Moçambique pela sua localização é propensa desastres e ciclones”, disse.
Acrescentou que no norte de Moçambique iniciou um conflito que continua a causar o deslocamento de muitas pessoas nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, ambas na região norte”.
Informações divulgadas em Agosto do presente ano indicam que o número de deslocados internos em Cabo Delgado era de 627.840 pessoas deslocadas.
“No norte do país, na província de Cabo Delgado, estivemos lá por cinco dias e visitamos os distritos de Palma e Metuge. Em alguns centros de deslocados ouvimos e sentimos que a situação da segurança melhorou. Há reconhecimento do apoio das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, Missão Militar da SADC para Moçambique (SAMIM) e o contingente militar do Ruanda, no entanto a sensação de medo ainda é grande”.
Refira-se que, desde 2017, Moçambique é vitima de ataques armados perpetrados por grupos extremistas e que provocaram a morte de mais de três mil pessoas e forçaram mais de 800 mil pessoas a procurar abrigo em locais mais seguros, desencadeando uma crise humanitária.
(AIM)
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