Marracuene (Moçambique), 13 Ago (AIM) – O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), em colaboração com os parceiros, está a busca de soluções para os deslocados internos provocados pelo terrorismo em Cabo Delgado, norte de Moçambique.
O sofrimento dos deslocados internos é apontado como um grande desafio para as autoridades moçambicanas, pois difere dos deslocados de desastres naturais, que permite uma mobilização antecipada e coordenada de recursos para a mitigação do risco, dada a informação prévia.
A informação foi partilhada hoje, em Macaneta, município de Marracuene, pelo vice-presidente do INGD, Gabriel Belém Monteiro, na abertura do Seminário sobre harmonização das acções de Prontidão, Resposta e Reconstrução pós Desastres no contexto de Deslocamentos Internos em Moçambique.
“Quando são situações de ordem de desastres naturais, nós identificamos zonas com certa antecedência, conversamos com as populações e desenhamos estratégias de intervenção. Já no caso de deslocados internos, não temos essa facilidade. Ele chegou hoje, encontrou uma situação que precisa de resposta rápida”, disse o vice-presidente do INGD.
De acordo com Belém Monteiro, só é possível contornar a situação graças a colaboração de parceiros estratégicos do sector, particularmente, a Organização Internacional da Migração (OIM).
“Felizmente, temos uma cooperação com parceiros das Nações Unidas que ajudam a minimizar os choques. Por isso, hoje já há deslocados internos com actividades económicas”, vincou.
Segundo o INGD, existem actualmente cerca de 1,2 milhão de deslocados internos em Cabo Delgado, a maioria dos quais vindos de zonas afectadas severamente pelo terrorismo e, dessa cifra, 600 mil pessoas já voltaram para as sua zonas de origem e outras fixaram-se definitivamente nos locais de acolhimento, levando uma vida tranquila.
Revela que tem sido um esforço enorme normalizar a situação, pois exige um trabalho de fundo para aliviar o trauma que as vítimas enfrentam, como resultado das atrocidades cometidas pelos terroristas.
“Foi um esforço enorme, mas já normalizamos a situação. Hoje, as pessoas estão a regressar graças à melhoria da situação no terreno”, salientou.
“Penso que demos uma boa resposta, a situação ainda não terminou, mas com a melhoria de segurança naquela zona as coisas estão a melhorar”, avançou.
Já o representante da OIM em Moçambique, Sascha Nlabu, diz que tratar da vulnerabilidade e deslocamento interno de Moçambique exige uma abordagem abrangente, integrando a gestão do risco de desastres no planeamento do desenvolvimento mais amplo para mitigar os efeitos adversos dos desastres e mudanças climáticas.
Para a organização, em consonância com o Plano Estratégico Global da OIM 2024-2028 procuram abordar os factores de conflito e deslocamento por desastres, trabalhando para salvar vidas e proteger deslocados internos e migrantes, impulsionar soluções duradouras, bem como facilitar caminhos para a migração regular e o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Garantiu que a OIM vai continuar a colaborar estreitamente com o INGD e outras entidades governamentais para apoiar as comunidades afectadas e os migrantes em todo o país em várias áreas, incluindo abrigos, coordenação e gestão de centros de acomodação, água e saneamento, saúde, entre outras.
“A OIM continua empenhada em apoiar a liderança do governo no apoio às comunidades afectadas por desastres, em estreita colaboração com as autoridades governamentais e as agências parceiras”, disse a fonte da OIM.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/sg