Chimoio (Moçambique) 17 Fev (AIM) – Um menor com idade compreendida entre 12 e 14 anos perdeu a vida na tarde de sexta-feira (16) durante um tumulto ocorrido no distrito de Guro, província de Manica, centro de Moçambique.
A violência foi causada por um boato alegando a existência, na vila sede daquele distrito, de um agente económico que estaria a impedir a queda da chuva.
Quando se apercebeu de que a sua vida poderia estar em risco, o referido agente económico refugiou-se no Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM).
O objectivo era mesmo encontrar um lugar seguro. Porém, isso não impediu a população de se deslocar ao Comando da PRM para exigir a entrega do cidadão e fazer justiça privada.
O porta-voz do Comando Provincial da PRM, em Manica, Mateus Mindu, explicou que alguns residentes de Guro começaram a arremessar pedras e outros objectos contra o Comando distrital, desencadeando uma onda de violência que culminou com a morte do menor.
“A população queria o referido agente económico acusado de impedir a chuva. Ele havia-se refugiado no Comando Distrital. A população começou a rebelar-se e a polícia foi obrigada a tomar medidas para amainar a fúria”, contou Mateus Mindu em conferência convocada este sábado para falar dos tumultos.
A fonte disse que na vila de Guro, a população lançou alguns objectos e queimou algumas viaturas, residências e motorizadas pertencentes ao agente económico.
“A destruição foi total. Os populares usavam algumas granadas de fabrico caseiro. Trabalhos ainda estão em curso para aferir os danos deste incidente e as reais causas da morte do menor”, afirmou Mateus Mindu.
“Se ficar provado que a morte do menor foi causada pela má acção da polícia, na verdade haverá alguma responsabilização. Mas o que se sabe até então é que, do outro lado da população, havia o arremesso de pedras e objecto que também colocaram em perigo a vida humana. Portanto, ainda estamos a investigar as reais causas daquela morte”.
Neste momento, segundo Mateus Mindu, o ambiente voltou a normalidade depois de ter sido mobilizado um contingente da força anti-motim.
Uma unidade da Força de Intervenção Rápida (UIR) foi destacada para a vila de Guro com o objectivo de repor a ordem e segurança pública.
“Felizmente, a situação está controlada. Forças de diversas especialidades da polícia estão no local e até ao princípio da noite da mesma sexta-feira, a vila estava calma”, acrescentou aquele porta-voz.
Apelou a população para não enveredar pela violência ou qualquer tentativas de perturbar a ordem, pois, pode colocar em perigo a vida humana.
“Temos este caso em que um menor inocente perdeu a vida. É uma criança que nada sabe. A falta de chuva é um fenómeno natural. Não podemos pensar que seja por causa de uma pessoa que não chove no distrito”.
A administradora do distrito de Guro, Angelina Nguiraze, lamenta o sucedido, sobretudo a morte do menor e pede a responsabilização dos mentores do boato que resultou na perda de uma vida humana e a destruição de bens.
“É triste o que vivemos aqui na sede do distrito. Indivíduos ainda desconhecidos lançaram um boato que originou uma onda de violência que saldou em uma morte e perda de imóveis e viaturas pertencentes aos agentes económico. É de lamentar e apelamos muita calma”, referiu.
AIM
Nestor Magado (NM)/sg