Chimoio (Moçambique) 13 Mar (AIM) – Um total de 117 mil famílias poderão passar fome nos próximos meses, na província de Manica, centro de Moçambique, devido a falta de chuva provocada pelo fenômeno El Nino que afectou a presente campanha agrícola 2023/24.
O fenômeno também está a prejudicar a produção agrícola em algumas províncias, principalmente no sul e centro do país.
Aliás, em Manica, a falta de chuva já destruiu 60 mil hectares com culturas diversas, com destaque para cereais, hortícolas e leguminosas, nos distritos de Tambara, Machaze, Guro, Macossa, Mossurize e Chimoio.
O director provincial de Agricultura e Pescas, em Manica, Ernesto Lopes, que há dias revelou o facto, afirmou que a situação poderá agravar-se caso não se registe, nos próximos dias, a queda da chuva.
“Outros 933 mil hectares estão afectados e em risco. Se não chover nos próximos dias, estas áreas também estarão perdidas. Teremos o registo de bolsas de fome na nossa província”, disse.
“O milho é a cultura mais afectada. São ao todo 60 mil hectares que já não fazem parte das nossas estatísticas de produção. É muito milho perdido. As nossas atenções agora estão viradas para a segunda época e o aproveitamento das zonas baixas”, explicou.
O director assegurou que o governo vai continuar a assistir aos produtores e dotá-los de técnicas adequadas para o cultivo de algumas culturas resistentes à seca.
Apontou a mandioca e outros tubérculos, bem como a mapira, como sendo culturas para as zonas semi-áridas, que podem devolver a esperança dos produtores.
Entretanto, a governadora da província de Manica, Francisca Tomás, apelou aos produtores para se empenharem na produção da segunda época agrária 2023/24.
Francisca Tomás deixou este desafio num encontro com os extensionistas e alguns produtores, onde encorajou a população a trabalhar para o aumento da produção agrícola.
“Este ano não tivemos chuva e vamos produzir pouco nesta primeira época agrária. Portanto, não podemos perder a esperança. Se falhamos na primeira época, podemos insistir na segunda e acreditamos que, um pouco daquilo que conseguimos agora e outro que vamos produzir na segunda época, podemos minimizar o sofrimento das comunidades”, disse.
Recomendou, ainda, para que se aposte na pecuária. “Se não temos alimentos e temos animais, podemos trocar com a população de outras zonas, que tem cereais e outros produtos, e que precisa dos nossos animais.”
A província de Manica esperava produzir, na presente safra agrária, 4.4 milhões de toneladas de produtos diversos.
Um total de 72 mil produtores estão envolvidos na presente campanha agrícola, numa área lavrada de 1.258. 921,80 hectares.
Parte dos produtores estão a ser assistidos por extensionistas do programa Sustenta, uma iniciativa governamental para o aumento da produção e produtividade.
(AIM)
Nestor Magado (NM) /dt