
Chimoio (Moçambique) , 16 Abr (AIM) – A governadora da província de Manica, centro de Moçambique, Francisca Tomás, adverte aos produtores para que sejam mais cautelosos na venda de excedentes durante a campanha de comercialização agrícola, para evitar ocorrência de bolsas de fome naquela parcela país.
A campanha de comercialização agrícola foi lançada oficialmente na semana passada, numa cerimónia que teve lugar na província nortenha do Niassa e foi orientada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.
Em Manica, o acto decorreu, segunda-feira (15), no distrito de Vanduzi.
Os produtos a serem comercializados na presente campanha incluem os cereais, tubérculos, raízes, hortícolas, frutas e outras culturas de rendimento.
Segundo dados das autoridades provinciais, Manica espera colocar nos mercados local, nacional e até internacional mais de 1,6 milhão de culturas diversas, contra cerca de 1,5 milhão da campanha de comercialização de 2023, representando um incremento em um 1,5 por cento.
A falta de chuva em alguns distritos da província, associada ao fenómeno El Nino, levou a perda de extensas áreas com culturas diversas.
Assim, de uma meta de 4,5 milhões de toneladas que a província esperava colher na presente época agrária 2023/24, esta cifra poderá ficar comprometida.
O milho e outros cereais, incluindo hortícolas, são as culturas mais afectadas, pelo que as autoridades governamentais da província vaticinam dias difíceis, pois, em alguns distritos poderá registar-se bolsas de fome.
Para evitar a rotura de stock de alimentos nas comunidades, a governadora de Manica orientou os camponeses a comercializarem os produtos de forma consciente.
“Este ano é diferente dos outros. Não tivemos chuva regular e isso comprometeu a nossa produção. Pensamos que os camponeses não devem vender tudo que conseguiram nas suas machambas. Vamos pautar por uma venda a pensar no futuro. Vendam só excedentes”, disse Francisca Tomás no lançamento da campanha a nível da província de Manica.
Apontou o fenómeno El Niño como sendo a principal causa para a baixa produção, daí que assegurou que o governo vai se empenhar na criação de condições, na presente campanha de comercialização, para uma maior fluidez nas trocas comerciais, pensando na reserva alimentar.
“Estaremos atentos a acompanhar todo o processo de comercialização. Isso ajudará a manter a segurança alimentar nas comunidades. Temos de saber o que temos e o que estamos a vender, para evitarmos a ocorrência de bolsas de fome”, vincou.
“Levem estas mensagem para outras pessoas que não estão aqui. Expliquem a elas que, durante a venda da nossa produção, devemos pensar que este ano é diferente dos outros. A produção é baixa. Além de vender, também queremos comer. Não podem vender tudo e morrermos de fome”, insistiu.
Os distritos de Tambara, Sussundenga, Macate, Machaze, Báruè, Vanduzi, Guro, Gondola e cidade de Chimoio são os mais afectados pelo fenómeno El Nino.
Para contornar o dilema, os produtores estão a apostar na produção de segunda época, explorando as zonas baixas e as margens dos rios.
Na segunda época, o sector da agricultura e parceiros prometem entregar 30 toneladas de sementes diversas aos produtores, com destaque para cereais, hortícolas, leguminosas e tubérculos.
A semente vai beneficiar 1.400 produtores dos distritos afectados pelo El Nino. A medida surge através de um plano de intervenção imediata que visa minimizar o impacto do fenómeno.
Aliás, as autoridades de agricultura também aconselham os produtores a lançarem sementes de culturas resistentes à seca.
A mapira, mandioca e outros tubérculos fazem parte de culturas que, mesmo sem chuva normal, podem maturar e produzir alimentos.
(AIM)
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