
Limpopo ( Moçambique), 19 Mar (AIM) – A introdução de métodos inovadores de ensino e aprendizagem, focados na busca de resultados, estão a transformar a educação numa aldeia comunal da zona de influência pedagógica do Posto Administrativo de Zongoene, província de Gaza, sul de Moçambique.
A nova abordagem consiste na criação de clubes de leitura na comunidade agrupados em zonas, crianças de 1ª a 6ª classes para receber apoio de outros alunos da comunidade que já terminaram a 12ª classe, como forma de auxíliar a educação das crianças nos tempos livres.
A iniciativa resulta da introdução do programa co-criação de conhecimento (KCCP) introduzido pela Agência Japonesa para o Desenvolvimento (JIKA) no distrito de Limpopo, na Escola Primária de Mancazene, abrangendo cerca de 400 crianças que frequentam de 1ª a 6ª classes, incluindo o ensino pré-escolar.
A nova metodologia, é liderado pela professora Gélsia Tembe, que beneficiou recentemente de uma capacitação intensiva no Japão em matérias de formulação de políticas de educação, um projecto que levou 50 moçambicanos de vários distritos para aquele país asiático a busca de experiências impactantes para o sector de educação.
Em entrevista a AIM, Gélsia Tembe, explicou as transformações em curso na escola onde lecciona e os planos para a expansão da nova abordagem a nível do distrito, tendo em conta os bons resultados alcançados no desempenho pedagógico das crianças.
“A experiência que adquiri no Japão é que os alunos que já terminaram a 12ª classe, prestam um apoio a escola primária ajudando no ensino das crianças. Neste caso, de 1ª a 6ª classe formamos grupos onde as crianças de uma certa zona se encontram e um aluno que já fez 12ª vem e serve como explicador. Com este método, as crianças dominam a leitura, escrita e cálculos”, disse Gelsia Tembe, que também desempenha a função de directora pedagógica na escola.
Segundo a fonte, para auxiliar o sistema de educação moçambicano que enfrenta vários desafios, incluindo a presença de crianças com necessidades educativas especiais, está em manga, a implementação da iniciativa intitulada “Professor Consultor”, que consiste em auscultar as dificuldades que os professores enfrentam no distrito para uma posterior busca de soluções através de troca de experiências em prol de um bom funcionamento das escolas.
Também está em curso a introdução de práticas de boa gestão de lixo, que consiste em ensinar as crianças a segmentar o lixo escolar como forma de criar um ambiente são e saudável a nível da escola que influencia positivamente no processo de ensino e aprendizagem naquela comunidade.
“Estamos a criar um plano de acção para a iniciativa ‘Professor Consultor’ para em cada escola escolhermos um professor que irá beneficiar de uma formação. O professo vai chegar numa escola e fazer entrevistas a outros professores para compreender as necessidades e desafios. Numa primeira fase a iniciativa vai abranger os distritos de Xai-Xai, Chongoene e Limpopo”, disse.
Para o Representante da Agência Japonesa de Cooperação Internacional em Moçambique, Tsuji Takayuki, o Governo do seu país entende que a melhoria da qualidade de educação nos países subdesenvolvidos como Moçambique é o caminho certo e o Japão tem uma experiência valiosa para partilhar com o país, através de várias iniciativas nesse sentido.
Assegura que os programas de cooperação levados a cabo pela JIKA, que abrem oportunidade para moçambicanos buscarem experiências educativas e não só, naquele país asiático, irão continuar em várias áreas.
“Cada ano levamos 50 moçambicanos para o Japão em todas as áreas. Neste momento mais de dois mil moçambicanos tiveram oportunidade para aprender no Japão. Japão é um país desenvolvido e tem uma experiência consolidada para passar a Moçambique”, disse Tsuji Takayuki.
O chefe da Repartição de Educação Geral, a nível dos Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia do Distrito de Limpopo, Leonardo Congolo, garante que iniciativas do género estão a ajudar o distrito a ultrapassar de forma criativa os desafios que o sector de educação enfrenta.
“Esta experiência do Japão tem ajudado a melhorar o nosso processo de ensino e aprendizagem. Estamos a estudar a forma de replicar as práticas desta escola em outras unidades”, disse.
Abordando uma das questões preocupantes do momento no sector de educação, que são horas extras, a fonte reconheceu que o problema tem afectado o distrito a ponto dos professores terem ameaçado não assumir horas extraordinárias e segundas turmas este ano, mas que, graças a um diálogo com a classe a situação foi amenizada.
“Persuadimos os professores e prometemos que situação será resolvida. Uma equipa das finanças esta aqui no distrito para verificar os mapas enviados pelas escolas e levantamento necessário para se validar as horas extras”, assegurou.
O distrito enfrenta ainda falta de carteiras e défice de salas de aula. Actualmente funciona com 65 escolas, incluindo primárias e secundárias, bem como um efectivo de 1.200 professores.
(AIM)
Paulino Checo (PC)