
Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela
Maputo, 03 Jun (AIM) – O governador do Banco de Moçambique (BM), Rogério Zandamela, disse que os países do continente africano ainda não exploram 43 por cento das suas exportações comerciais internas, facto que fez perder cerca de 22 mil milhões de dólares, nos últimos dez anos.
Zandamela disse ainda que no mesmo período, o comércio intra-africano cresceu quatro por cento, representando apenas 14 por cento do total das exportações africanas.
O governador falava durante a cerimónia de abertura do seminário continental da Associação dos Bancos Centrais Africanos (AACB) evento que decorreu hoje, em Maputo, com a temática: ´Desenvolvimento dos Sistemas de Pagamento para a Promoção da Inclusão Financeira em África e do Comércio Intra-Africano: Desafios e Oportunidades.
“Por conseguinte, é da maior importância que continuemos a trabalhar nos sistemas de pagamentos regionais para fazer face aos desafios atinentes ao comércio intra-africano e à inclusão financeira”, afirmou.
Para impulsionar o comércio intra-africano e continuar a melhorar a inclusão financeira em África, o governador acredita na introdução de um sistema de pagamentos eficiente e seguro.
Explicou que, por um lado, não obstante os notáveis progressos registados nos últimos anos, o continente africano está ainda longe de atingir níveis desejáveis de inclusão financeira, uma vez que cerca de metade da nossa população continua excluída, o que é cerca de duas vezes superior à média mundial.
E, por outro lado, Zandamela apontou os progressos no comércio intra-africano que têm sido particularmente muito lentos.
Sobre a inclusão financeira em África, o governador destacou os progressos realizados no âmbito de três plataformas regionais de pagamento e liquidação na região, nomeadamente, o primeiro, denominado Sistema de Liquidação Bruta em Tempo Real da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC-RTGS); o segundo, o Sistema de Pagamentos e de Liquidação da Comunidade da África Oriental.
O terceiro chama-se Sistema Regional de Pagamentos e de Liquidação do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA).
Além de criar plataformas de pagamento, de acordo com o governador do BM, África precisa de integração e interoperabilidade entre os vários sistemas para que atendam aos propósitos do continente.
“Para o efeito, temos de continuar a trabalhar em prol da harmonização dos quadros regulamentares e de supervisão e continuar a acompanhar e mitigar os diferentes riscos, nomeadamente, a cibersegurança, o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo”, referiu.
Ao abrigo do Acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana, iniciativa rubricada em Kigali, Ruanda, em Março de 2018, intermediado pela União Africana, foi lançada o Sistema Pan-Africano de Pagamentos e Liquidações, plataforma que Zandamela quer ver a sua implementação para promover o comércio intra-africano e a inclusão financeira.
O Sistema Pan-Africano de Pagamentos e Liquidações permitirá pagamentos em moeda local entre os países africanos, reduzindo assim a dependência da liquidez em moeda estrangeira e dos custos de transacção, por forma a promover um aumento no volume de bens e serviços comercializados entre as economias africanas.
Falando sobre o tema do evento, Zandamela assegurou ser de particular importância e oportuno, à medida que “testemunhamos as forças da desglobalização da economia mundial, e confere ao continente africano uma oportunidade de fazer um balanço das questões comerciais intra-africanas”.
O seminário contou com 66 participantes, de 23 bancos centrais africanos e de instituições internacionais.
(AIM)
Ac/mz
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