A cidade de Maputo, capital moçambicana está aberta a colaborações para estreitar ligações económicas na indústria do café e toda a sua cadeia de valor tendo em conta o crescimento exponencial da cafeicultura no país tanto em termos de produção quanto em termos de comercialização.
A garantia foi dada hoje, em Maputo, Alexandre Muianga, vereador das Actividades Económicas e Turismo a nível do Município de Maputo, falando na abertura do Festival do Café de Maputo, evento realizado pela primeira vez no país, juntando o Governo, através do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), projecto MozBio2, Organização Internacional do Café, Associação Moçambicana de Cafeicultores (AMOCAFÉ), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e a Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento.
“Como cidade de Maputo, estamos comprometidos em estreitar colaboração para de tudo fazer para que a indústria de café continue a crescer no país, tendo a cidade de Maputo como epicentro de produção, distribuição e comercialização. Ao acolhermos este evento é um sinal que estamos a emitir para o país, região e o mundo que estamos preparados para participar da cadeia de valor do café”, disse Muianga.
Segundo o Vereador, Maputo é uma cidade que aposta na agricultura urbana, com campos de multiplicação de vários produtos agrícolas, áreas verdes abundantes e casas agrárias dinâmicas, traduzindo a visão da edilidade baseada em liderança na produção, factores que podem contribuir para que o café seja um negócio de valor acrescentado.
“Maputo encontra na agricultura uma plataforma não só para produzir, mas também para criar um ambiente favorável para acolher todos os investidores do sector agrário. A cidade de Maputo é a bolsa de valores do país, é aqui onde os negócios acontecem”, vincou.
De acordo com a fonte, o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, com uma cultura rica em tradição e evolução, razão pela qual a edilidade olha para o produto como uma boa oportunidade de negócios e um mercado promissor tendo em conta o estatuto da cidade de Maputo como principal praça económica do país.
Muianga corroborou com os dados que apontam o café como uma das produções que mais crescem no mundo depois do petróleo, vincando a necessidade de países em vias de desenvolvimento que abraçam a produção do café utilizarem o recurso como solução para os problemas da pobreza que afectam as comunidades produtoras.
Durante o evento, o Governo partilhou dados gerais que indicam que o executivo tem vindo a dinamizar a produção do café, através do aumento das áreas de produção e envolvimento de pequenos agricultores que praticam a cafeicultura em regime de consorciação com outras culturas.
Aponta-se a primeira exportação do café pós-independência no país, que ocorreu em 2018 e tinha como destino os Estados Unidos de América, através do projecto de produção do Parque Nacional de Gorongosa. E recentemente, em 2023, foram produzidas 29 toneladas de café fresco e exportadas 12 toneladas em grão seco para Inglaterra, Austrália e Japão, principais mercados consumidores.
AMOCAFE, como interlocutor válido na cadeia de valor do café no país, está a trabalhar junto a Cooperação Italiana e a UNIDO, para criar o centro de Treinamento do Café em Moçambique, o Coffee HUB Center estará localizado em Maputo.
A AMOCAFÉ pretende ainda incentivar o consumo de café em Moçambique, o que significa criar um mercado nacional para os produtores moçambicanos com o objectivo de estimular o desenvolvimento da indústria nacional de café.
Refira-se que, durante o festival, será lançada a publicação do Guia Prático – Cultivo de Café sob Sistema Agro-florestal em Moçambique, produzido recentemente pelo programa TriCafé, uma colaboração entre Moçambique, Brasil e Portugal, a qual será apresentada por Fábio Partelli, da Universidade Federal do Espírito Santo.
De acordo com a organização, ao conectar os principais actores desta cadeia, o Festival do Café de Maputo fortalecerá as ligações necessárias para criar um mercado que prima pela consistência, qualidade e o estabelecimento de acordos comerciais entre marcas e produtos relacionados.
Atendendo ao potencial de produção de café e a busca de mercados de maior valor, Moçambique aderiu ao Acordo Internacional do Café, em 2023, num acto dirigido pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, na Sede da Organização Internacional do Café, em Londres, no Reino Unido.
Este foi um passo importante para a exposição de Moçambique a parcerias que ajudem a tornar o sector do café de Moçambique mais competitivo no mundo.