
Chimoio (Moçambique) 22 Jul (AIM) – O programa Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique (DELPAZ) projecta formar 400 jovens, até finais deste ano, em agro-pecuária e técnicas de processamento de produtos agrícolas no Instituto Agrário de Chimoio, distrito de Vanduzi, província central de Manica.
Lançado em Outubro de 2021, o programa de 29 milhões de euros é parte do apoio abrangente da União Europeia para consolidar o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional em Moçambique.
Os beneficiários são jovens seleccionados nos distritos de Macossa, Báruè, Guro e Tambara.
Cerca de 30 por cento são filhos ou dependentes de antigos guerrilheiros da Renamo no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
Os restantes são membros das comunidades dos distritos referidos, a maioria dos quais em situação de vulnerabilidade.
A coordenada de programas na DELPAZ, nas províncias de Manica e Tete, Giulia Zíngaro explicou que o critério de selecção dos jovens consistiu na identificação daqueles com vocação para a actividade e que já exercem a actividade agrícola nas suas comunidades.
“A selecção dos jovens iniciou no ano passado. A formação arrancou este ano. A previsão é que os 400 jovens sejam formados até finais de Setembro deste ano. São formações que decorrem de forma faseada e no modelo mais intensivo”, disse Giulia Zingaro, à margem do encontro de Diálogo pela Paz que decorreu no distrito de Vanduzi.
Rogério Sitoe, um dos painelistas do debate, destacou a importância da paz para o desenvolvimento de um país.
“A paz é um bem comum que inicia nos nossos corações, na família, na nossa casa, local de residência, de trabalho e em todo o lugar onde estivermos. É o respeito pelo próximo, saber perdoar e fazer o bem para a construção de uma geração próspera” referiu Rogério Sitoe, para quem a paz depende da união de todos os moçambicanos.
Lembrou que o espírito de perdão deve estar no seio dos moçambicanos. Olhar para o “inimigo” do passado como um irmão que se reconciliou com o bem.
“Se continuarmos a olhar para estes nossos irmãos que hoje vivem connosco como inimigos não estaremos a cultivar a paz. Pelo contrário, é estar a perpetuar o mal, o que é errado quando realmente queremos a paz. Portanto, vamos saber perdoar e conviver sabendo respeitar as nossas diferenças”, acrescentou Rogério Sitoe.
Os jovens, por seu turno, reafirmaram o seu compromisso em tudo fazer para preservar a paz nas suas comunidades.
Disseram ter sido um diálogo bastante frutífero, numa altura em que, segundo eles, tiveram mais conhecimentos sobre como conviver num ambiente de paz e harmonia nas suas comunidades.
O Diálogo sobre a Paz teve lugar no distrito de Vanduzi e contou com presença de jovens, líderes comunitários, religiosos, representantes do governo, da sociedade civil e outros convidados.
(AIM)
Nestor Magado (NM)/sg