Maputo, 01 Set (AIM) – Pelo menos 1500 produtores dos distritos de Barué, Macossa, Guro, Tambara e Gondola na província de Manica, centro de Moçambique, estão a ser capacitados e a receber assistência técnica agrícola para que possam ter sustentabilidade.
O auxílio é prestado pelo programa “Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique (DELPAZ)”, uma iniciativa do governo em parceria com várias organizações não governamentais para intervir em comunidades que foram assoladas por conflitos.
O programa conta com financiamento da União Europeia (UE) e implementado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS).
A informação foi revelada em entrevista exclusiva à AIM pelo Coordenador Local do DELPAZ em Manica, Júlio Juliasse, falando à margem da 59ª edição da Feira internacional de Maputo (Facim-2024).
“Estamos a fornecer motobombas, instalação de sistemas de rega nas associações e provemos cinco campos, um por cada distrito, que designamos “Pontos Verdes”, que são uma espécie de pontos ou pólos de desenvolvimento para área agrícola onde são implementadas todas técnicas de inovação agrícola”, referiu a fonte.
Disse tratar-se de campos de demonstração para as associações. Nestes locais, os agricultores aprendem novas técnicas e depois replicam-nas nos seus distritos e comunidades.
Referiu que para além da componente de prestação de assistência técnica, o DELPAZ está a operar também na componente de infraestruturas agrícolas.
“Na componente de Infraestrutura, estamos a reabilitar fontes de água, e estradas no sentido de melhorar a transitabilidade e também pequenas infraestruturas de uso público”, apontou Juliasse.
Acrescentou que “na componente agrícola criamos melhores condições agro-pecuárias para os agricultores dos distritos ora mencionados. Estamos a dar formação em técnicas agrícolas, para melhorar a sua produção e produtividade, e formar 400 jovens na área agrícola para adopção de novas técnicas”.
“Também estamos a formar 100 jovens em cursos artesanais de pequena duração que visam potenciar as suas capacidades e habilidades para poderem singrar no mercado do emprego com o auto-emprego”, anotou.
Quanto ao fenómeno climático El Niño, caracterizado por seca, a fonte disse que “estamos também a potenciar a instalação de sistemas de irrigação porque os rios são periódicos e a maioria deles estão secos”.
São sistemas construídos a base de furos de água e que noutros casos consistiram na entrega de motobombas por cada associação.
Explicou que a meta de formar 100 jovens na área artesanal, sendo 20 por cada um dos cinco distritos mencionados, está cumprida a 50 por cento.
“Para a província, no total, tínhamos 64 infraestruturas por reabilitar. Até então já conseguimos construir 34 fontes de água nos cinco distritos. Já construímos seis corredores de tratamento animal, concluímos um mercado em Macossa, reabilitamos um armazém distrital e agora vamos construir cinco armazéns, um por distrito, e apetrechar para os produtores processarem, a produção, localmente”, revelou.
Lina Costa, uma das formandas do programa, após a conclusão do curso em carpintaria promete trazer ao mercado trabalho diferenciado.
“Visto que outras mulheres concorreram para cursos como culinária, eu optei pela formação em carpintaria. Achei que foi algo diferente que vai-me permitir trazer, ao mercado, algo diferente também”, defendeu.
Maurício Samissone, por sua vez, formado em agricultura, prometeu aumentar a produção.
“Depois da minha formação eu adquiri experiência e espero pôr em prática o que eu aprendi, aumentando a produtividade agrícola”, afirmou.
O DELPAZ pretende contribuir para melhorar as condições de subsistência das comunidades rurais dos distritos mais afectados por conflitos, com especial atenção às mulheres e aos grupos mais vulneráveis das províncias de Manica e Tete, centro do país.
(AIM)
CC/mz