Massingir, 04 Ago (AIM) – A Peace Parks, uma organização sul-africana especializada em protecção da biodiversidade nas áreas de conservação transfronteiriça, está a implementar, através do projecto “Heading for Health”, o maneio sanitário do gado bovino, no distrito de Massingir, província de Gaza, sul de Moçambique.
A iniciativa visa garantir a sustentabilidade das comunidades residentes no interior, como na zona tampão e reduzir a sua dependência pelos recursos do Parque do Limpopo.
O mesmo projecto tem em vista levar a cabo um conjunto de actividades de rastreio de doenças infecciosas que afectam as manadas de bois e rebanhos de cabras, assegurando um plano de controlo desde o nascimento até ao abate, como forma de garantir qualidade de vida dos animais em alusão e sua reprodução massiva.
O maneio abrange cerca de vinte aldeias que compõem as comunidades que vivem dentro, fora, e na zona tampão do Parque Nacional do Limpopo, num universo de pouco mais de cinco mil famílias que a sua principal actividade de subsistência é a criação animal.
A iniciativa foi anunciada pelo gestor do Projecto “Heading for Health”, suportado pela “Peace Parks Foundation”, Délcio Julião.
O programa introduz igualmente pastagens seguras em Massingir, o que reduz, significativamente, o conflito homem-fauna bravia no interior do Parque Nacional do Limpopo.
“Introduzimos o maneio sanitário do gado bovino. Nas vinte aldeias em que estamos a trabalhar, das quais quatro no interior do parque, sete fora do parque e nove na zona tampão, introduzimos kits veterinários de forma periódica”, disse o gestor de projectos da PPF no Parque do Limpopo, no quadro da gestão conjunta entre PPF e a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC).
O maneio do gado bovino é assegurado pelos promotores pecuários, pastores profissionais capacitados pelo projecto e rede da extensão rural.
Na base de trabalho conjunto com o Governo distrital, os animais recebem tratamento programado, designadamente, banhos, vacinações e desparasitação massiva dos animais.
Segundo Délcio Julião, está também em curso o maneio alimentar dos animais, tratando-se de uma região semiárida com períodos do ano de longa escassez de pasto, fenómeno que afecta drasticamente o desenvolvimento dos animais, principalmente as vacas prenhas e animais doentes, que não conseguem fazer longos percursos a procura do pasto.
“Ensinamos as comunidades a produzir feno para suplementar o gado na altura da escassez. Aconselhamos os produtores a usarem restos de algumas culturas como o milho para suplementar o gado. Ensinamos as comunidades a produzirem blocos de sais minerais para suprir o défice de nutrientes no pasto provocado pela seca”, salientou.
De acordo com a fonte, Massingir, tratando-se de um distrito que faz fronteira com a província de Maputo, particularmente o distrito de Magude, região com ocorrência de elevado índice de roubo de gado, a iniciativa arrancou com a campanha de marcação de gado por aldeias, prática que reduziu roubos.
“Temos casos de gado roubado aqui e recuperado em Magude graças às marcas que introduzimos”, vincou.
Anunciou que, este mês, o distrito vai realizar uma feira de venda do gado bovino usando a balança, uma técnica que permite estabelecer o preço justo do animal, uma vez que nas vendas anteriores as negociações eram directas e quem decidia o preço era o comprador a seu “belo prazer”, prejudicando na maioria das vezes os criadores.
A pastorícia constitui a principal actividade económica do distrito de Massingir que tem mais gado do que pessoas, num total de 45 mil cabeças do gado bovino para um universo de 37 mil pessoas. Massingir é um distrito de clima semiárido, agudizado pela ocorrência do fenómeno El Nino, que assola o norte de Gaza na presente época chuvosa e ciclónica.
(AIM)
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