
Agricultura. Colheita de arroz. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 13 Ago (AIM) – Pela primeira vez desde o início da cooperação bilateral com Moçambique na década de 1970, a Itália está a estabelecer um programa quinquenal, com um orçamento de 85 milhões de euros, para concretizar a sua visão de desenvolvimento no continente africano, definido pelo Plano Mattei.
A afirmação é do embaixador italiano acreditado em Moçambique, Gianni Bardini, em entrevista à AIM, falando das acções do governo italiano no país.
O programa, assinado em 2022 durante a visita do Presidente italiano Sérgio Mattarella, a Moçambique, estabelece ligações produtivas em diferentes sectores da economia.
A Itália concentra actualmente a sua intervenção nas províncias de Sofala e Manica (centro), onde estão em curso projectos-piloto, nomeadamente a criação de um centro agro-alimentar em Chimoio, orçado em 35 milhões de euros, dos quais 5 milhões de euros em donativos e 30 milhões de euros em empréstimos concessionados.
Este é, segundo o embaixador, um importante projecto que servirá de incubadora tecnológica e transferência de competências, numa altura em que, embora a produção agrícola seja bastante importante, o país ainda dispõe de um número limitado de unidades de agro-processamento.
“Finalmente, depois de muita espera e preparação, o projecto vai arrancar. A construção do pólo agro-alimentar terá início em Outubro. isto é, armazenamento, processamento e distribuição em Moçambique”, disse o diplomata europeu.
Com mais de 30 milhões de habitantes, Moçambique enfrenta vários desafios de saúde pública, e neste campo a Itália é um dos parceiros estratégicos com vários projectos em curso, além de uma injecção directa anual de um milhão de euros para o Ministério da Saúde, através de um fundo gerido pelo governo.
O embaixador lembrou que existe em Moçambique uma grande sociedade civil italiana em Moçambique que, com fundos próprios, melhora a qualidade da saúde da população. Citou como exemplo, da Comunidade de Sant’Egídio, que conta com 11 centros de saúde em Moçambique no âmbito do projecto “Sonhos”.
Segundo o diplomata, em termos de impacto económico, a presença italiana em Moçambique nunca teve tanta visibilidade como hoje, reforçada pela presença da Eni, através do projecto de exploração de hidrocarbonetos Coral Sul FLNG, na Bacia do Rovuma.
A petrolífera italiana detém também uma participação de 25% no projecto de exploração de gás da ExxonMobil em Cabo Delgado, que aguarda pela decisão final de investimento.
A Saipem é outra empresa italiana com forte presença em projectos de gás em Moçambique, contratada pela TotalEnergies, com um orçamento de 7 mil milhões de euros para desenvolver a engenharia do projecto Mozambique LNG, que foi interrompido por razões de segurança, mas que deverá ser retomado antes do final do corrente ano.
(AIM)
Paulino Checo (PC) /sg